segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Selecção 2010



Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. É costume as pessoas reflectirem sobre os acontecimentos mais marcantes dos últimos doze meses e tentarem prever o que acontecerá nos próximos doze. No que toca à Selecção Nacional, este foi um ano de altos e baixos, alguns muito altos, alguns muito baixos. Há um ano atrás eu não imaginava, nem nos meus mais delirantes sonhos, que a nossa Selecção passasse por tais coisas, que fizesse tais coisas.

Comecemos pelo primeiro jogo do ano, um particular de preparação para o Mundial, frente à China, realizado em Coimbra, no dia 3 de Março. Por esta altura, já tinha estalado a polémica devido a uma alegada troca de agressões entre Carlos Queiroz e Jorge Baptista, no dia do sorteio da fase que qualificação do Euro 2012. Um episódio desagradável, mas hoje parece uma ninharia quando comparado com o que aconteceu no Verão.

O jogo representava a "última oportunidade de contactar com os jogadores antes da Convocatória Final". Servia ainda para preparar o embate com a Coreia do Norte. A Convocatória para este encontro causou polémica por não incluir nenhum jogador do Benfica, equipa que, semanas mais tarde, sagrar-se-ia campeã. Portugal venceu a China por duas bolas a zero, golos de Hugo Almeida e João Moutinho.

Um aparte só para observar que o Hugo marcou não só o primeiro golo da Selecção no ano de 2010 mas também marcou o último do ano. Parece mesmo que ele foi o maior marcador deste ano, tendo feito um total de seis bolas cruzar a linha de baliza. Quando marcou frente à China, eu desejei que o fosse o primeiro golo de muitos. E, de facto, marcou-se bastante este ano.

Voltando ao particular, foi um jogo mediano. Manifestaram-se os problemas na finalização que haviam marcado a fase de qualificação. O rendimento da equipa ressentiu-se das substituições ao intervalo. A segunda parte foi ainda marcada pelos assobios dos adeptos, desagradados com a fraca exibição.

Os Convocados foram Anunciados em Maio. Poucos dias antes, Queiroz havia dado uma entrevista a "A Bola". Aqui disse, entre outras coisas que "o padrão de continuidade é o único que dá mais hipóteses a uma Selecção como Portugal de se intrometer entre os grandes" - o que hoje é irónico visto que, depois de trocarmos de Seleccionador, demos quatro à Campeã Europeia e Mundial.

Mas, voltando à Convocatória, esta foi anunciada com pompa e circunstância - que hoje, que sabemos que a nossa participação no Mundial deixou muito a desejar, parece ridícula. O Estágio na Covilhã começaria alguns dias mais tarde. Enquanto este decorria, eu julgava que tudo corria bem, que o ambiente na Selecção e a relação entre jogadores e treinador era positiva - hoje sei que não foi bem assim. Foi também durante o Estágio que se deu o incidente que, depois do Mundial, desencadearia uma série de acontecimentos que culminariam no despedimento de Carlos Queiroz.

No dia 24 de Maio, poucos dias depois do início do Estágio, numa altura em que o grupo ainda não se encontrava completo, Portugal recebeu a Selecção Cabo-Verdiana, no primeiro de três particulares com equipas africanas que visavam a preparação do embate com a Costa do Marfim. Foi um jogo fraquinho, que terminou com o marcador por abrir. Nani e Fábio Coentrão foram os poucos com um desempenho positivo. Jogadores e Seleccionador invocaram o pouco tempo de estágio e a "falta de frescura física" como desculpas, perdão, razões para a má exibição, garantindo no entanto que "a partir de agora é a sério".

E, de facto, o particular que se seguiu, frente aos Camarões, no dia 1 de Junho, foi significativamente melhor do que o anterior. A Selecção venceu por três bolas a uma. Marcou o fim do Estágio na Covilhã.

Uma semana mais tarde, já na África do Sul, a Selecção Nacional venceu a sua congénere moçambicana por três bolas sem resposta, num dia marcado pelo regresso de Nani a casa, por lesão. Este regresso causou polémica e ainda hoje não consigo perceber porquê. Carlos Queiroz tinha deixado bem claro  que fora "o caso mais difícil que tiver de gerir do ponto de vista humano", que "A entrega e a obstinação que ele mostrou para disputar o Mundial foram uma das maiores provas de profissionalismo a que já assisti" e que "o Nani é um exemplo para todos". Quer dizer, quem seria idiota ao ponto de abdicar de tal jogador sem uma fortíssima razão? Não percebo, realmente...

E, como já referi antes, não consigo evitar pensar que o Mundial poderia ter corrido de maneira diferente se o Nani tivesse estado lá.

Portugal estreou-se no Mundial uma semana depois, frente à Costa do Marfim, no dia 15. O jogo terminou sem que o marcador abrisse. As opiniões sobre se este resultado era positivo ou negativo para a Selecção dividiram-se. Este jogo ficou ainda marcado pelas polémicas declarações de Deco, que abalaram ainda mais a já fragilizada credibilidade do Seleccionador.

No dia 21 de Junho, a Selecção Nacional entrou em campo com a Coreia do Norte, no Estádio da Cidade do Cabo. Até àquele momento, nenhuma Selecção havia triunfado naquele estádio. Esperava-se que Portugal, um pouco à semelhança do que Bartolomeu Dias havia feito, fosse de novo o primeiro a dobrar o Cabo das Tormentas, transformando-o em Cabo da Boa Esperança.

E foi o que aconteceu. A Selecção Portuguesa venceu a Norte-coreana por sete bolas sem resposta. Os marmanjos jogaram com mais garra, coragem, determinação, alegria e com muito menos medo, como não jogavam há muito e como só voltariam a jogar em Outubro. Todos os jogadores estiveram bem, com destaque para Tiago. Esperava-se que esta vitória representasse o ponto de viragem.

Não foi bem isso o que aconteceu. No dia 25 de Junho, a Selecção defrontou a sua congénere brasileira. Tratava-se de um jogo praticamente a feijões, praticamente só para disputar os dois primeiros lugares do grupo. Como tal, foi um jogo morno, sem golos. O Brasil ficou em primeiro lugar e Portugal ficou em segundo. Nesse dia descobrimos ainda que nos oitavos-de-final, no dia 29 de Junho, defrontaríamos nuestros hermanos espanhóis.

O jogo até começou bem, a primeira parte foi muito equilibrada. Ao intervalo, Queiroz optou por tirar Hugo Almeida. Tal decisão causou polémica, pensa-se que a saída do ponta-de-lança terá resultado no golo espanhol. "O coração parou de bater aos 63 minutos..." Portugal ressentiu-se, não conseguiu anular a desvantagem, o jogo acabou e a Selecção foi expulsa do Mundial.

No fim do jogo, Eduardo chorava. Ele, talvez mais do que qualquer outro, merecia mais. Cristiano Ronaldo não ajudou. As suas polémicas palavras "Perguntem ao Queiroz", bem como o "Assim não ganhamos, Carlos!" que terá atirado ao Professor aquando do golo espanhol foram duas das muitas pedras posteriormente atiradas ao Seleccionador. Metade do país exigia a sua demissão. Por sua vez, Queiroz, longe de abdicar do cargo, afirmou que "vamos continuar com a cabeça erguida" e de da próxima vez voltaríamos "mais fortes e mais competitivos". Na altura concordava com ele, achava que o seu afastamento pouco ou nenhum benefício traria à Selecção.

Mas agora, tendo em conta tudo o que aconteceu depois, talvez tivesse sido melhor. Qualquer coisa teria sido melhor do que o que aconteceu depois.

Eu nem quero recordar os pormenores todos. Aquele foi, sem dúvida, a pior fase por que a Selecção passou desde que me lembro. Parece que foi mesmo a pior de sempre. A polémica arrastou-se durante quase todo o Verão, sem solução à vista, ou melhor, sem que ninguém se esforçasse por encontrar uma solução. Quase nenhum dos jogadores veio defender o Seleccionador, Paulo Ferreira, Simão e Miguel até escolheram aquele momento para fugirem, perdão, saírem da Selecção. O que era mais do que esclarecedor em relação ao ambiente entre jogadores e treinador. Ninguém parecia ter noção dos danos que aquilo estava a provocar à Equipa de Todos Nós, ninguém fazia o mínimo esforço para resolver de vez aquela confusão. A Selecção ia sendo destruída aos poucos e ninguém via, ninguém mexia um dedo para o impedir. Gilberto Madaíl foi ao extremo de opinar, a poucos dias do primeiro jogo de qualificação para o Campeonato da Europa de 2012, que nada daquilo afectaria a equipa, que os marmanjos sabiam "jogar em piloto automático". Se todos os pilotos automáticos fossem como aquele, haveria acidentes aéreos todos os dias...

Para mim não foi, portanto, surpresa que a jornada dupla tivesse terminado com um empate e uma derrota, cinco golos sofridos, cinco pontos perdidos. A qualificação equilibrava-se num trapézio sem rede e acabara de começar. A situação havia conseguido minar a confiança dos jogadores, minar a defesa que pouco tempo antes era o nosso maior ponto forte.

A situação chegara a um ponto em que a única solução era correr com Queiroz. E foi o que aconteceu.

Quase imediatamente a seguir ao despedimento, já se falava de Paulo Bento como possível sucessor. Contudo, ainda houve tempo para Gilberto Madaíl fazer uma visita a Madrid e pedir a Mourinho que viesse orientar a Selecção Nacional apenas durante a seguinte dupla jornada de qualificação. Já dei voltas à cabeça mas as únicas palavras que encontro para descrever a situação são mesmo "WTF?!?!" ou "mas que raio...?!?!?". Realmente, não percebo em que raio estava o Presidente da Federação a pensar. Mourinho por sua vontade aceitaria a súplica, perdão, o convite sem cobrar nada, mas o Presidente do Real Madrid não deixou.

Madaíl teve então de voltar a Portugal e contratar Paulo Bento. Tal escolha revelou-se bastante consensual na opinião pública. Eu é que não estava a ver como poderíamos dar a volta ao texto. No primeiro treino da Selecção com Bento como Seleccionador Nacional, os adeptos foram assistir em força e mostraram ostensivamente o seu apoio. Mais do que nos dois anos anteriores, dizia-se. Não sei se acreditavam sinceramente do novo Técnico ou se queria apenas provocar o anterior...

Entretanto, mais ou menos nessa altura, a poucos dias do nosso terceiro jogo de qualificação, Mourinho enviou uma mensagem apelando à união em torno da Selecção e de Paulo Bento. Com esta e com a sua reacção ao convite disparatado de Gilberto Madaíl, o treinador do Real Madrid subiu consideravelmente na minha consideração. No meio de todos os corruptos por detrás do "caso Queiroz", José Mourinho era provavelmente a única pessoa íntegra, a única que colocou os interesses da Selecção à frente dos seus. E mesmo que tivesse sido só para se auto-promover, o que é certo é que o seu gesto beneficiou a Selecção e os gestos de outros apenas a atiraram ainda mais para o charco.

No dia 8 de Outubro, Portugal recebeu a Dinamarca no Estádio do Dragão e venceu-a por três bolas a uma. Dois golos seguidos de Nani, um auto-golo de Ricardo Carvalho e um de Cristiano Ronaldo. E a Selecção voltava a jogar com o entusiasmo e a alegria de antigamente. Paulo Bento não poderia ter pedido melhor estreia ao comando da Turma das Quinas.

No dia 12, Portugal foi à Islândia vencer pelo mesmo resultado. Cristiano Ronaldo, Raúl Meireles e Hélder Postiga marcaram os três golos da Selecção. A Equipa de Todos Nós parecia estar de regresso.

Tal voltou a confirmar-se um mês depois. No dia 17 de Novembro, houve um particular entre as duas Selecções Ibéricas, a propósito da Candidatura à Organização do Mundial de 2018. A Selecção Portuguesa venceu a actual Campeã da Europa e do Mundo por quatro golos sem resposta. Foi o melhor jogo da Selecção dos últimos anos, uma exibição perfeita. Parecia que estávamos a jogar contra uma equipa vulgar, não com a Campeã. Não ganhámos três pontos, ganhámos muito mais.

Em suma, a Selecção de 2010 esteve a milímetros de ir por água abaixo, mas conseguiu voltar a erguer-se, subiu, subiu e até deu quatro à Espanha. Termina o ano no melhor nível desde há séculos, deixando boas promessas para 2011.

Ainda não acredito que isto aconteceu, nunca me tinha passado pela cabeça que uma simples troca de Seleccionador tivesse tal efeito. Por mais cruel que me pareça, parece mesmo que a culpa era de Carlos Queiroz. Como diziam no Record, "onde com Queiroz havia medo, há agora segurança. Onde com Queiroz se inventava, há agora simplicidade. Onde com Queiroz se bocejava, há agora espectáculo. Onde com Queiroz era derrota certa" - ou empate, digo eu - "há agora sempre esperança". Cada vitória de Paulo Bento representa uma derrota para Queiroz. E por muitas voltas que dê ao texto, contra factos não há argumentos. Eis os factos: com Bento ao leme, a Selecção marcou dez golos em três jogos (e não jogámos propriamente com o Luxemburgo, longe disso!) e os Marmanjos voltaram a jogar alegres como o Waka Waka. 


Eu não consigo esquecer que Queiroz fez muito pela Selecção, fez-me acreditar na Selecção e a forma como foi despedido foi tudo menos justa. Mas a verdade é que a Selecção já não precisa dele. Quem me dera que ele tivesse saído logo a seguir ao Mundial para que recebesse a indemnização e tudo a que tinha direito de acordo com o contrato assinado e a qualificação nunca tivesse sido prejudicada. Mas a História escreve-se a tinta-da-china e não há maneira de alterá-la. Agradeço ao Professor tudo o que fez pela Selecção, desejo-lhe toda a sorte do Mundo e que encontre justiça, mas Carlos Queiroz já não faz falta.

Por outro lado, não sei se não terá sido o facto de termos afundado tanto, de termos empurrado tanto a mola até ao fundo que nos catapultou para a melhor fase em anos.

Temos já uns quantos particulares marcados. Um com a Argentina, dia 9 de Fevereiro, um com o Chile no dia 26 de Março e outro com a Finlândia no dia 29 do mesmo mês. Em Junho, a qualificação é retomada com a recepção à Noruega no Estádio da Luz.

É um dos meus desejos para 2011 que a boa fase que a Selecção actualmente atravessa tenha vindo para ficar. Tenho quase a certeza que pelo menos este se cumprirá. É uma das poucas coisas boas com que poderemos contar no ano que vem, no meio do IVA a 23%, dos salários cortados e da ameaça do FMI.

Desejo, portanto, a todos os leitores que consigam fazer frente às dificuldades que o Ano Novo trouxer consigo. Que a Selecção Nacional, a Turma das Quinas, a Equipa de Todos Nós seja, como já foi, este ano (pelo menos para mim), um motivo de alegria, algo que nos ajude a enfrentar a crise, algo que nos dê argumentos, por mais fúteis que sejam, para desejar a todos um Feliz Ano Novo!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Uma oportunidade como a nossa

Era para ter escrito há dias, mas faltou-me tempo e inspiração. Na Quinta-feira passada, a Rússia foi escolhida para organizar o Campeonato do Mundo em Futebol a realizar em 2018, ultrapassando outros candidatos: Inglaterra, Bélgica-e-Holanda e Portugal-e-Espanha.

Não consegui evitar ficar desiludida com este resultado. Tinha passado os últimos dias em pulgas, com uma vaga esperança de que nos escolhessem. Na Quinta, então, depois de ter apresentado um trabalho às dez da manhã, praticamente não pensei noutra coisa. Como estive o dia todo na Faculdade, não tinha acesso a uma televisão, o único meio que possuia para acompanhar a cerimónia era o meu leitor de MP3.

Já se sabia que, qualquer que fosse o vencedor, a escolha estaria envolvida em polémica. E não nos enganámos: já se fala de possíveis conversas secretas que Vladimir Putin terá tido com os membros do comité e os ingleses querem que se mude o método de escolha.

A votação decorreu entre a uma e as três horas da tarde de cá e durante esse intervalo de tempo estive quase sempre a fazer figas. De tal maneira que, nessa noite, quando estava a ver televisão, sem sequer pensar nisto, quando dei por mim tinha os dedos cruzados. Rezava constantemente, sem destinatário específico, por um resultado a nosso favor. "Portugal e Espanha... Vá lá... Nós temos História, temos prestígio, temos infraestruturas... O outro até disse que podíamos acolher um Mundial no mês que vem..." Nessa altura não o sabia, mas o facto de já termos prestígio e de já estarmos bem equipados, longe de nos ajudar, acabaria por jogar contra nós.

À medida que a hora prevista para o anúncio se aproximava, os meus nervos aumentavam a uma escala exponencial. Tinha aulas teóricas das duas às quatro, mas escusado será dizer que pouca atenção prestei, Que diabo, não é todos os dias que temos a possibilidade de vir a organizar um Mundial!

Quando faltavam quinze minuto para as três da tarde, liguei o rádio do meu leitor de MP3. Até às três, os locutores foram dando curiosidades tais como:


  • Tinham passado 4068 dias desde 11 de Outubro de 1999, dia em que soubemos que o Euro 2004 seria disputado no nosso País.
  • Este será o 21º Campeonato do Mundo
  • Em Zurique estavam presentes mil jornalistas e as câmaras de setenta cadeias de televisão.
Já na altura diziam para termos "cuidado com a Rússia", a "Candidatura Mistério" conforme apelidou Gilberto Madaíl. Confesso que só ao longo desse dia é que considerei a Rússia como uma adversária ameaçadora, tinha mais medo da Inlglaterra. A Bélgica-e-Holanda é que, supostamente, ficariam arrumadas logo deste início. Mas tudo podia acontecer... E afinal de contas, a Inglaterra acabou por ser despachada primeiro.


Muito comentada era a ausência de Vladimir Putin. Se isso afectaria de maneira positiva ou negativa a escolha. Pela parte que me tocava, não percebia o interesse daquilo. Não me parecia plausível que fossem escolher um determinado candidato só porque o Primeiro-Ministro estava presente ou ausente da cerimónia. E ainda acredito que não foi por isso que a Rússia ganhou.

Às três horas, estava à espera de ouvir o anúncio do vencedor a qualquer momento, mas aparentemente a cerimónia nem sequer havia começado. Os locutores da rádio diziam que as pessoas não se sentavam, apesar dos repetidos pedidos para que o fizessem.

Os minutos passavam e os meus nervos aumentavam. As minhas mãos tremiam, o meu estômago andava às voltas, eu mordia os nós dos dedos para não gritar. Os locutores diziam que este atraso não era normal e eu interrogava-me o que é que significaria? Seria bom ou mau? Significaria que a votação estava atrasada? Que não se conseguiam decidir? Nós ainda estaríamos em jogo? Ou já teríamos sido postos de parte?

"Por amor de Deus, despachem-se", rezava eu.

Para passar o tempo, a Antena1 ia entrevistando algumas personalidades que enumeravam os nossos pontos fortes. O que não ajudava.

Tal como não ajudou eles começarem a relatar algum pessimismo reinando na comitiva luso-espanhola. Os locutores aproveitaram esse momento para lembrar que Joseph Blatter não estava muito entusiasmado com a ideia de um Mundial organizado a dois. Deixaram ainda bem claro que uma candidatura não ganharia sem a sua aprovação. Eu interrogava-me se ele poderia recusar um vencedor, mesmo que tivesse sido eleito com toda a justiça. E ia ganhando uma certa raiva ao pobre homenzinho, por isto e por prolongar o meu sofrimento. O optimismo não me ajudava, o pessimismo não me ajudava. A única coisa que me ajudava era saber quem era o maldito vencedor.

Só que ainda tínhamos de esperar mais um bocado, de sofrer mais um bocado. Mais ou menos às três e um quarto até os locutores estavam a ficar nervosos. Que se estaria a passar?

Às três e vinte, a "Marca" anunciou na Internet que os vencedores eram a Rússia e o Qatar (para o Mundial 2022). Ainda gostava de saber como o descobriram. Talvez um dos membros do comité os tivesse informado... Na altura não liguei muito, pensando que seria apenas especulação. Mantive-me fiel à máxima "Até ao apito final". Neste caso, tal como já havia sido dito por outros, o "apito final" era uma metáfora para o anúncio do vencedor.

A cerimónia começou às três e vinte e cinco, mais coisa menos coisa, mas teríamos de esperar uns sete minutos até Joseph Blatter subir ao palco, mais uns dez até sabermos quem ganharia. Nesse momento, reparei que uma rapariga sentada algumas cadeiras em frente a mim tinha o portátil no SAPO. Talvez também  a tentar saber o vencedor. Ao menos não era a única interessada no anfiteatro.

Joseph Blatter subiu ao palco às três e meia, mais ou menos, mas ainda esteve alguns minutos a discursar. Ele é um político, já os locutores o diziam, não podia ser de outra maneira. Só que eu, nessa altura, estava à beira de um colapso com os nervos e só pedia mentalmente "Ó homem, corta-me na retórica e diz quem raio ganhou!"

Ele lá recebeu o envelope e anunciou o vencedor: a Rússia. Minutos depois, anunciaria o Qatar como vencedor da Organização do Mundial de 2022. Mais tarde, saber-se-ia que a Inglaterra havia caído à primeira ronda da votação e que, na segunda ronda, a nossa candidatura obtivera sete votos, ficando em segundo lugar, contra os treze votos da Rússia e os dois da Bélgica-e-Holanda.

- Vamos para novos territórios - afirmou Joseph Blatter, justificando deste modo as escolhas feitas. Ainda no rescaldo, eu pensava que aquilo era o resultado de jogos de bastidores, que a Rússia e o Qatar têm poder económico e nós e nuestros hermanos estamos à beira da falência., que Blatter tinha sido casmurro com aquela das candidaturas a dois. E ainda penso assim. 

O Bruno, um colega meu, disse que a Espanha devia ter concorrido sozinha. Nós é que nunca poderíamos organizar um Mundial a solo, nem nos nossos sonhos mais loucos e muito menos nesta altura do campeonato.

Mas agora vejo que eles vão fazer com a Rússia e com o Qatar o que fizeram connosco. Ou melhor o que a UEFA fez connosco. A FIFA está a dar uma oportunidade a países relativamente sem grande História futebolística (eu nem sequer tinha ouvido falar do Qatar antes!) e sem grande tradição na organização de eventos desportivos.

Nós já tivemos a nossa oportunidade e, apesar de muitas (mas mesmo muitas) coisas terem sido mal feitas, acho que não a aproveitámos nada mal. A Espanha também já organizou um Europeu e um Mundial, mas acabou por perder mais já que já antes havia perdido a Organização do Euro 2004 e dos Jogos Olímipicos de 2012. Nós já acolhemos o Europeu à bem pouco tempo, não nos podemos queixar de que ninguém-gosta-de-nós. E sinto-me grata por, na minha curta existência, já ter tido um Campeonato Europeu no meu País, por ter tido idade suficiente para o recordar (apresar de não a ter tido que chegue para o valorizar na sua totalidade). Por ter tido oportunidade de assistir a um jogo, de festejar nas ruas e de ter ido atrás do Autocarro na Selecção no dia da final.

Os mal-dispostos crónicos do costume, aqueles que se queixam constantemente da nossa medíocridade sem mexerem uma palha para mudar a situação, vieram dizer que o facto de não termos conseguido é uma vitória e merece ser comemorada. O trabalho de não sei quantas pessoas, não sei quantos portugueses, não ter dado em nada merece ser comemorado... Dizem que ainda hoje pagamos a conta do Euro 2004.  Até têm razão neste último aspecto. É, de facto, uma pena estádios como o do Algarve e o de Aveiro não serem melhor aproveitados. Mas também ainda hoje usufruímos do prestígio que ganhámos com o Europeu.

Gilberto Madaíl e os restantes responsáveis da Federação podem ter muitos defeitos, podem ter cometido muitos e graves erros nos últimos tempos, mas ao menos tentaram fazer alguma coisa para elevar o prestígio de Portugal aos olhos do Mundo. Mesmo que fosse uma insignificância comparado com Espanha. Mesmo que fosse "apenas" futebol. Ao menos tentaram desafiar o Destino, contrariar os rótulos que tantas vezes colocamos sobre o nosso País e respectivo povo. Como diria Fernando Pessoa, "Louco, sim, louco, porque  quis grandeza/Qual a Sorte não a dá". E por isso merecem o meu sincero agradecimento.

Esta não será a última oportunidade que tivemos, se Deus quiser. Ainda haverá muito Mundial a precisar de um anfitrião ou anfitriões. Espero, portanto, que seja considerada a hipótese de tentarmos de novo. Mas, a acontecer, será num futuro distante. Pode ser que, nessa altura, estejamos melhor em termos económicos e financeiros (vai sonhando...) e que tenhamos já no currículo um ou outro título... Nunca se sabe...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Portugal 4 Espanha 0 - Se é assim... pode ser a Espanha!

Ontem à noite, a Selecção Portuguesa derrotou a sua congénere espanhola por quatro golos sem resposta, no Estádio da Luz, num jogo épico, fantástico, quase perfeito, histórico, mágico, inspirado, extraordinário, espantoso, arrasador, explosivo... enfim, os adjectivos para o caracterizar não se esgotam. Ninguém estava à espera de tal jogo e de tal resultado, pois, afinal de contas, o adversário que defrontámos ganhara o último Europeu e o último Mundial. Mas a verdade é que praticamente todos os Marmanjos fizeram exibições de sonho e os espanhóis pouco fizeram para nos parar.

Como abri recentemente uma conta no Twitter, assisti a quase todo o jogo com o computador portátil ao colo para ir registando as minhas impressões na rede social. Não foi muito diferente das notas que constumava tomar para depois escrever aqui no blogue, mas teve a sua graça.

A Selecção entrou bem no jogo e manteve o nível durante praticamente todo o encontro. Paulo Bento havia-nos prometido que Portugal não iria ficar a ver a Espanha jogar e, não só a promessa foi cumprida, como aconteceu o exacto oposto: os espanhóis ficaram muitas vezes a ver-nos jogar, incapazes de nos travar. Eu, por vezes, esquecia-me que estávamos a jogar contra o Campeão do Mundo. O árbitro é que estragou um pouco a festa ao anular aquele sombrero de Ronaldo, um pouco por culpa do Nani, que por sinal completava 24 anos ontem, que se foi literalmente meter onde não era chamado, induzindo o fiscal de linha em erro.

Um aparte só para dizer que foi uma pena o Nani não ter marcado ontem, no dia do seu aniversário, para se redimir daquela jogada infeliz, ele que jogou tão bem (à semelhança dos companheiros).

O golo que se adivinhava acabou por surgir um minuto antes do intervalo, um belo tiro de Carlos Martins. Estava aberto o marcador.

O segundo golo surgiu dois ou três minutos após o intervalo dos pés de Hélder Postiga, numa jogada começada por João Moutinho. Os mesmos foram também responsáveis pelo terceiro golo, cerca de vinte minutos depois. Entre estes dois golos eu ia pedindo "Só mais um! Só mais um!", com a mesma naturalidade com que pediria num jogo frente a adversários teoricamente bem mais fracos do que a Espanha, como a Islândia, a Coreia do Norte, o Chipre, a Malta... Realmente, foram mesmo aqueles que ganharam o Mundial? O relativo escasso público nas bancadas ia pontuando os passes portugueses com fritos de "Olé!". Os espanhóis, esses, ripostaram gritando "Campeones!", como que a dizer:

- Vocês podem estar a ganhar, hermanos, mas nós continuamos a ser os Campeões Mundiais.

Essa foi baixa...

O encontro foi encerrado com chave de ouro com um golo de Hugo Almeida, que substituia Hélder Postiga. Quando se fala tantas vezes da falta de pontas-de-lança em Portugal, é bom vermos dois, o Hélder e o Hugo, a fazerem o gosto ao pé no mesmo jogo. Estou particularmente feliz por ver o Hélder no seu melhor, ele que sempre foi um dos meus jogadores preferidos, apesar do seu desempenho irregular.

Depois desta vitória, como eu temia, vieram os ataques ao ex-Seleccionador, muito mais subtis quando feitos por jornalistas, bem mais agressivos nos habituais espaços de comentário. Abordarei melhor esta temática noutra ocasião.
Estou feliz, felicíssima, por ter visto todos os marmanjos no seu melhor, fazendo um jogo do outro mundo, que ficará registado a tinta-da-china na História da Selecção Nacional. Nunca pensei que déssemos tal sova aos Campeões da Europa e do Mundo. Eu até tinha sonhado, na noite de Terça para Quarta-feira, que tínhamos perdido por três a zero! Muitos dirão, eu incluída, que não serve de nada, que não passa de um amigável, que nem tem um sabor de vingança pois nem três pontos ganhámos, que eles continuam Campeões, que os espanhóis não deram o seu melhor, que se tivessem dado a história teria sido diferente. O que até pode ser verdade, mas, pelo menos a última parte, faria mais sentido se tivéssemos ganho pela margem mínima, com uma exibição assim assim. Não foi isso que aconteceu. Nós marcámos quatro golos, podíamos per marcado mais, fizemos uma das melhores exibições de sempre. Não ganhámos três pontos mas ganhou-se muito mais, como assinalou Paulo Bento. Ganhou-se prestígio, ganhou-se confiança, ganhou-se alegria, consumou-se o renascer da Selecção, o seu regresso às grandes vitórias.

Ontem, não ganhámos nada em concreto, mas "mostrámos que, quando queremos, ultrapassamos tudo", como disse Vítor Manuel. "Mostrámos ao Mundo que Portugal se pode bater com qualquer Selecção do Mundo", como disse o locutor da Antena 1, no fim da emissão relativa a este particular, que ficará na memória.

Enfim, realizaram-se dois duelos ibéricos este ano. A Espanha ganhou um deles, nós ganhámos o outro. Mas em Dezembro, espero que ganhemos ambos, como disse Laurentino Dias. Estou a falar, claro, do anúncio da Candidatura vencedora à Organização do Mundial (já não sei se se saberá só acerca do de 2018 ou se já saberemos também quem é que organiza o de 2022). Depois deste partidazzo, estou com um bom pressentimento, sobretudo agora que fomos absolvidos das acusações de corrupção (engulam, ingleses!). Já mencionei aqui os nossos pontos fortes, vou só fazer uma referência aos pontos fracos que têm a ver com a falta de campos de treino nas cidades-sede. Podia ser pior, não podia? Talvez dê para ganharmos. Vamos estar todos a torcer por isso até 2 de Dezembro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tem mesmo de ser a Espanha?

Na próxima Quarta-feira, dia 17 de Novembro, a Selecção Portuguesa de Futebol enfrenta a sua congénere espanhola, no Estádio da Luz, num encontro de carácter particular, cujos principais objectivos são, não só a promoção da Candidatura Ibérica à Organização do Mundial de 2018 ou 2022, mas também a Comemoração do Centenário da República. Paulo Bento, o Seleccionador Nacional, divulgou no último dia 11 os Convocados para este particular e as únicas novidades são os Regressos de Bosingwa e Manuel Fernandes. Eu confesso que, nesta altura do campeonato, a Espanha não é a Selecção com quem desejava ver os Marmanjos entrarem em campo.


Eu sei que eles são os nossos parceiros de Candidatura e tal, mas, que diabo, eles expulsaram-nos do Mundial! Querem esfregar sal na ferida? A desculpa da vingança não serve: isto não passa de um amigável. O que quer que aconteça, eles continuam Campeões do Mundo e nós aqueles que foram expulsos do Mundial nos oitavos-de-final depois de sofrer o primeiro golo em todo o Campeonato. Na vaga hipótese de ganharmos, isso trará mais pedras para atirar ao nosso ex. Dirão que a culpa foi dele, que ele nunca devia ter estado ao leme da Selecção, que se já lá estivesse o Paulo Bento nada daquilo teria acontecido, etc, etc. Até pode haver alguma dose de verdade nisto, mas não deixa de ser desagradável. E nem sequer ganhamos três pontos nem nada.
Em relação a essa parte de o encontro estar integrado nas comemorações do Centenário da República, também não é por aí. Já tudo o que é historiador veio dizer que não existe grande motivo para festejo; que a Primeira República foi um regime ainda pior que o anterior, mais valia terem poupado a vida a el-rei D. Carlos e ao filho, mais valia não terem exilado el-rei D. Manuel II e o resto da família real, etc.

Por acaso, não sei como seria se ainda fôssemos uma monarquia. Duvido, no entanto, que estivéssemos melhor do que estamos agora. Parece que, quase desde que foi assinado o Tratado de Zamora em 1143, o nosso País tem vivido quase sempre acima das possibilidades, tem estado quase sempre à beira da bancarrota. O mal é genético, não há nada a fazer…

Em todo o caso, a República trouxe com ela o hino e a bandeira que temos hoje, símbolos que aprecio grandemente. Isso, sim, ainda é o que mais vale a pena comemorar. E ainda por cima, segundo Os Maias, o antigo hino, o Hino da Carta, era "medonho".


Mesmo assim, fazia mais sentido jogar com a Espanha para comemorar a Restauração da Independência. Convinha era ganharmos, é claro!


O principal objectivo acaba por ser mesmo a promoção da Candidatura Ibérica, agora que estamos a poucas semanas do anúncio do anfitrião vencedor. Candidatura, essa, que, há algumas semanas, esteve envolvida em suspeitas de corrupção.


Pessoalmente, nunca atribui muita credibilidade a essas alegações, uma vez que estas foram levantadas pelos jornais ingleses (o Daily Telegraph, se não me engano). A candidatura deles já se encontrava envolvida em polémicas semelhantes, na minha opinião, eles fizeram aquilo pensando "Se eu vou ao charco, já agora, arrasto toda a gente comigo". Não seria a primeira vez que a Comunicação Social Inglesa publicava notícias com objectivos semelhantes. Em todo o caso, a estratégia deve ter falhado, os boatos devem ter sido desmentidos pois nunca mais se falou disso… Ainda bem, que estou farta de ouvir falar em corrupção em instituições portuguesas.


Com ou sem acusações de corrupção, não sei que hipóteses a nossa Candidatura tem de ganhar. Há uns tempos pensei que o facto de os inspectores da FIFA terem estado cá em Portugal aquando do "caso Queiroz" prejudicasse seriamente a as nossas hipóteses, mas talvez não tenham levado isso em conta…




Li na semana passada, no Record, que somos os Candidatos com mais estádios já prontos para hospedar jogos da fase final de um Campeonato do Mundo: sete. Tendo em contra que precisamos, mais do que nunca, de apertar o cinto (ou a banda gástrica, como diziam a semana passada no Mundo Universitário), isto é capaz de constituir uma pesada vantagem. E já é uma sorte não termos de construir estádios novos nesta altura do campeonato, a propósito!


E, é claro, temos várias outras coisas a jogar a nosso favor: um bom passado recente em termos futebolísticos, incluindo um Campeão Mundial e Europeu (estou a falar dos espanhóis, obviamente… snif, snif); um Campeonato Europeu memorável organizado por nós, portugueses; países atractivos para os turistas… Enfim, não acho que seja, de todo, impossível ganharmos…


Segundo o que li, neste momento a escolha é entre nós e a Rússia, e os russos não têm, que eu saiba, as armas que mencionei acima. Seria bom se ganhássemos, sobretudo no momento dificílimo que atravessamos. Para além das vantagens que já mencionei na entrada "Vizinhos e parceiros no futebol", ao menos teríamos a promessa de algo bom no futuro (Isto se não tivermos falido de vez até lá, é claro!) – algo que é cada vez mais raro hoje em dia, sobretudo neste país.


E se jogar com a Espanha ajuda, que assim seja. De resto, é sempre excitante defrontar uma Selecção de topo, e esta é Campeã Europeia e Mundial! Paulo Bento disse já que os Marmanjos não vão "só ver a Espanha jogar", que "estes particulares não são para descomprimir, porque os valores da representação do país são iguais". Qualquer que seja o resultado, o que se espera é uma boa exibição por parte de ambas as equipas, uma exibição digna de duas Selecções de topo. É claro que uma vitória, apesar de tudo, ajudaria a consumar o recente renascimento da Selecção, mas este é um dos poucos casos em que a velha máxima do "o importante não é ganhar, é participar" se aplica na sua totalidade.




Na última entrada, tinha prometido um novo vídeo de apoio à Selecção. Eu cumpri a promessa, montei o vídeo. O problema foi, outra vez, o YouTube… E nem sequer foi por causa da música, foi por ter utilizado as imagens dos jogos do Mundial. Já nem digo nada… Ou melhor, digo apenas isto: se continuam assim, mais vale encerrarem de vez o YouTube. Sim, porque eu não perdi uma das poucas tardes livres que tenho este semestre para agora o vídeo ficar eternamente confinado ao meu computador. Não senhor, desta vez coloquei o vídeo do Mediafire e dou-vos os links para o sacarem. (Com a música original: http://www.mediafire.com/?l04mcnudva6jwzg ; com a versão instrumental http://www.mediafire.com/?l5j86g1324d33dl) Como podem ver, as regras dos direitos de autor não fazem sentido, que existem outras maneiras de partilharmos vídeos. É uma autêntica estupidez.




De caminho, dou-vos também o link daquele vídeo que montei antes do Mundial, com a música Bang The Drum.( http://www.mediafire.com/?qroxof11vd9mrum ) Talvez faça uma segunda versão deste vídeo para o Europeu 2012, que a música é muito gira. Pode ser que, nessa altura, não o removam (pois, devo ter cá uma sorte…). Tenho ainda outras ideias para vídeos de apoio à Selecção, mas, em princípio, só voltou a montá-lo caso nos qualifiquemos. Até lá…

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Islândia 1 Portugal 3 - Desentubados e renascidos

Terça-feira à noite, a Selecção Portuguesa visitou a sua congénere Islandesa, vencendo-a por três bolas a uma, consumando, deste modo, o retorno da Equipa de Todos Nós aos bons resultados e às boas exibições.

Desta feita, não fizemos uma exibição tão forte como quando jogámos com a Dinamarca, tendo havido alguns momentos em que receei um descarrilamento. Que, felizmente, não chegou a acontecer.

Assisti ao jogo via televisão, enquanto jantava, juntamente com a minha família. A minha irmã mais nova tinha apostado o resultado com os amigos. Ela apostou em 1-0, outros apostaram em 3-2, 5-1 e outros resultados que não recordo. Quem acertasse, receberia um euro de cada apostador. Se ninguém acertasse, ganhava quem mais se aproximasse do resultado.

Nós entrámos bem no jogo, com Cristiano Ronaldo a marcar aos três minutos, de livre. A bola rasou a muralha islandesa, entrando depois na baliza, sem nada nem ninguém que a travasse.

- Eles também nem se mexeram - comentou o meu irmão - Os islandeses podiam ter saltado, eles nem sequer saltaram...

- Se eles saltassem, ficavam toldados com o fumo daquele vulcão com um nome esquisito - gracejou o meu pai.

Visto que este resultado interessava à minha irmã, depois deste golo, ela começou a reclamar sempre que os marmanjos se aproximavam da baliza adversária, como se tivesse a torcer pelos islandeses. Isso, ora me divertia, ora me irritava. Com franqueza, basta acenar-lhe com dois ou três euros para a miúda perder todos os princípios...

Entretanto, os portugueses afrouxaram um bocadinho com o golo, a Islândia começou a dar luta e acabou por marcar.

- Oh, só podem 'tar a gozar! - exclamei, vendo a vida a andar para trás.

Seguiram-se dez minutos de nervos. Os marmanjos, atordoados com a súbita anulação da vantagem, pareciam um bocado trapalhões. Cheguei a dar uns berros quando, poucos minutos após o golo islandês, a bola aproximou-se perigosamente da nossa baliza. Uma jogada parecidíssima com aquela que resultara no golo. Pus-me a roer as unhas, algo que deixara de fazer há semanas.

O golo de Meireles (ganda bomba!) acalmou-me um bocadinho. Gritei "GOLO!" e encostei-me para trás, aliviada.

Contudo, um golo a mais era uma vantagem ainda demasiado frágil para me acalmar por completo. Continuei, portanto, um bocadinho nervosa, já na segunda parte, apesar de nos mostrarmos claramente superiores. Gemia sempre que era marcado um canto a favor da Islândia, lembrando-me do golo sofrido. Já me daria por satisfeita se conservássemos a vantagem até o árbitro apitar três vezes.

Se o marcador se mantivesse inalterado até ao minuto 90, ninguém teria ganho a aposta, ou então o dinheiro do prémio teria sido dividido, por 2-1 fica exactamente a meio caminho entre 1-0 e 3-2. Tal não aconteceu, graças a Hélder Postiga.

O golo do sportinguista acabado de entrar colocou um ponto final no meu sofrimento e encerrou o marcador.

- Já foste, mana! - gritei à minha irmã. Com este resultado, o amigo dela que apostou 3-2 ganhava.

Já tinha saudades do Hélder, que já não vestia a camisola das Quinas há dois anos. Apesar do seu desempenho irregular, sempre foi um dos meus jogadores preferidos.

E pronto. Esta dupla jornada terminou connosco em segundo lugar, com seis pontos ganhos, seis golos marcados e dois sofridos. Não estava à espera que estes jogos corressem assim tão bem.

A verdade é esta: Paulo Bento conseguiu em pouco mais de duas semanas ao leme da Selecção feitos que Queiroz não conseguiu realizar em dois anos. Conseguiu pôr Ronaldo a jogar ao seu melhor nível e a marcar golos pela Turma das Quinas (em dois jogos marcou o mesmo número de golos que marcara em dois anos e um deles foi de penalti, num particular); pôs a Selecção a golear quando na anterior qualificação passaram-se´vários jogos sem gritar "GOLO!". Segundo os jornais, Bento não complicou, pôs os marmanjos a jogar nas suas posições habituais e os resultados estão à vista.

Pelos vistos, a saída de Carlos Queiroz e a entrada de cena de Paulo Bento foram cruciais. E não consigo evitar um sentimento de culpa ao escrever isto, ao acreditar que as decisões de Queiroz nem sempre foram benéficas, quando há nem quanto tempo quanto isso, conservava intacta a minha lealdade ao ex-Seleccionador, apesar de metade do País vociferar contra ele.

Não adianta estar a remoer o assunto. Passado é passado. Queiroz fez o melhor que poda, ainda deu bastante à Selecção, cometeu erros como qualquer um (começando por não ter tido tento na língua quando devia ter tido), agora Bento está no seu lugar. Desejo o melhor ao Professor, mas agora Bento é o Seleccionador e, enquanto o for, pode contar com o meu apoio incondicional. Ponto final.

Paulo Bento havia dito que, depois de ganharmos à Islândia, passaríamos a respirar melhor. De facto, sinto-me como se tivéssemos sido desentubados, como se tivéssemos renascido. O país dos vulcões assistiu mesmo à erupção portuguesa, mas só a parte dela, que a erupção começou no Estádio do Dragão. Estamos de volta!

O próximo jogo oficial é daqui a oito meses, frente à Noruega. É muito tempo, muita coisa poderá acontecer até lá. Podemos saborear o renascer na Selecção durante mais um bocado. No dia 17 de Novembro teremos um jogo particular com a Espanha, nossa parceira de candidatura à organização do Mundial, no Estádio da Luz. Espero que se realizem mais alguns particulares em Fevereiro e Março, que sete meses sem Selecção é demais...

Como prometi, nos próximos dias vou montar o tal vídeo de recomeço. Tenciono começara a trabalhar nele ainda hoje. Assim que estiver pronto, colocá-lo-ei aqui no blogue e também no YouTube. A música que utilizarei como banda sonora encontra-se na playlist que recentemente adicionei ao blogue. Não sei se terei problemas com os direitos de autor, mas, para prevenir isso mesmo, farei um duplicado do vídeo com a versão instrumental da música.

A maneira como me surgiu a ideia de fazer este vídeo é curiosa. No dia (ou dias, não me lembro bem) que se seguiu à nossa expulsão do Mundial, estava a ouvir esta música e percebi que a letra se aplicava à situação da Selecção.

Com este vídeo tenciono transmitir uma mensagem que não passa da adaptação da mensagem da música à Selecção Nacional: existem e sempre existirão inúmeros cépticos tentando incutir-nos o seu pessimismo, mas a verdade é que não poderemos ganhar todos os jogos, haverá alturas em que estaremos muito perto de perder a fé. Contudo, há-que continuar a acreditar, a apoiar, a lutar e, mais cedo ou mais tarde, a Selecção recompensar-nos-á.

Foi o que aconteceu agora, nesta última semana. Com toda aquela confusão e os consequentes tropeções no apuramento, frente ao Chipre e à Noruega, quase acreditei que não sairíamos dessa. Mais obriguei-me a continuar a apoiar e agora a Selecção renasceu, voltou a levantar voo. Agora que retomámos a escalada, que estamos de novo a voar, nada nem ninguém nos fará cair de novo, nada nem ninguém nos vai parar!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Portugal 3 Dinamarca 1 - A melhor estreia possível

Na Sexta-feira, Portugal recebeu em casa, no Estádio do Dragão, a Selecção Dinamarquesa. Dois golos de Nani, um auto-golo de Ricardo Carvalho e um golo de Cristiano Ronaldo fizeram o resultado: 3-1.

Ainda mal acredito que ganhámos e, sobretudo, que jogámos tão bem. Não estava nada à espera - podem confirmá-lo lendo as entradas anteriores.

Perdoem-me a falta de fair-play mas os dinamarqueses mereceram esta sova. Há muito que andavam a pedi-las. A vingança é tão doce...

Conforme já tinha previsto, acompanhei o jogo via rádio, ora com o meu leitor de MP3 (acho que foi a primeira vez que o usei para ouvir rádio desde o Mundial), ora com o auto-rádio. Acho que lhe tomei o gosto. O entusiasmo com que os locutores da rádio relatam o jogo quase compensa a falta de imagem.

Notou-se que os marmanjos tinham entrado com garra, atacando várias vezes. Mesmo assim, continuava nervosa; agarrava o meu velho boné no meu colo, como outras pessoas agarrariam um terço.

O golo de Nani foi um alívio. Depois do primeiro golo ficaria tudo mais fácil, o adversário ressentir-se-ia, provavelmente viriam outros golos e a vitória ficaria consumada. Só não estava à espera que o segundo golo viesse tão depressa.

Foi muito engraçado. Nós, locutores incluídos, ainda festejávamos o primeiro golo. Na rádio, estavam a ler o marcador:

- Portugal...

- Um!

- Dinamarca...

- Gooooolooooo! Nani!


Eu e a minha irmã ficámos a olhar uma para a outra. Ainda pensámos que fosse ainda o primeiro golo, mas não era. O Nani voltara a marcar. Mais tarde, quando vi o golo, fiquei de queixo caído. Como diria o meu irmão, foi um golo bru-tal! Grande Nani!

A minha mãe acha graça aos mortais que ele costuma dar durante os festejos de um golo e eu expliquei-lhe que ela por ele ter praticado capoeira, no Real Sport Clube. Eu também gosto dos mortais. O Nani, realmente, está a tornar-se um jogador fantástico. Não consigo deixar de pensar que, caso ele não se tivesse lesionado. o Mundial teria corrido de maneira diferente.

Confesso que, durante algum tempo, não prestei muita atenção ao relato. A vitória parecia mais ou menos garantida, não estava a ver que equipa não se ressentia de dois golos seguidos. Os dinamarqueses ressentiram-se.

- A Dinamarca ainda nem acredita no que lhe aconteceu - disse um dos locutores, pouco depois dos golos.

- Nem eu! - exclamei.

- 'Tou a gostar do Paulo Bento - disse a minha irmã.

Com o golo da Dinamarca é que comecei a ver a vida a andar para trás. Apesar de os dinamarqueses não andarem a fazer muito pela vida, duvido que houvesse uma alminha portuguesa que fosse que não se recordasse do desaire de Alvalade, há dois anos.

É o nosso destino! Mesmo fazendo um jogão daqueles, não há jogo oficial da Selecção sem um bocadinho que seja de sofrimento!

Em todo o caso, o golo de Cristiano Ronaldo acabou com o nervosismo, O madeirense também andava a pedi-las, pois estava a fazer uma exibição fenomenal. Rematou onze vezes! Esperemos que jogue sempre assim a partir de agora e que mais ninguém volte a duvidar da sua dedicação à Selecção.

Findo o jogo, houve ainda tempo para ouvir as reacções dos jogadores e do treinador. Todos bateram na mesma tecla:

- A vitória não servirá de muito se não ganharmos à Islândia.

A Islândia não é um adversário tão temivel quanto era a Dinamarma, mas, hoje em dia, isso não quer dizer nada. Mesmo que sejamos teoricamente superiores, o frio joga contra nós. Tendo este factor em conta, não me admira que tenham confinados os jogos de qualificação aos meses mais quentes.

Bem, eles vão ter de se desenrascar, se querem continuar na luta. Se isso acontecer, se conquistarmos mais três pontos, para além de consumarmos a entrada numa boa fase, continuaremos a depender de nós próprios para nos qualificarmos para o Europeu. E, realmente, seria mau demais deitarmos tudo a perder, depois de esta vitória me ter deixado tão feliz.
Um aparte só para dizer que achei piada à frase que usaram na Antena 1 para publicitar a transmissão do jogo:
- O país dos vulcões vai assistir à erupção portuguesa.

Como já mencionei anteriormente, dadas todas aquelas coisas que jogavam contra nós e que listei no fim da última entrada, não esperava um jogo destes. Que é capaz de ter sido o melhor dos últimos tempos. Paulo Bento não poderia ter pedido melhor estreia como Seleccionador Nacional. Apesar de nada ainda estar garantido, senti-me tão feliz naquela noite! Foi tão bom a Selecção voltar a dar-nos alegrias, quando pensei não voltar a tê-las tão cedo. Foi bom termos um motivo que fosse para nos orgulharmos de sermos portugueses, numa altura em que atravessamos uma fase bem complicada ( e complicada é eufemismo), nem fosse só por umas horas.

Agora que estou mais sóbria, só espero que esta alegria não seja a única, que ainda haja muito golo para comemorar, muita vitória para celebrar. Que o jogo de Sexta-feira seja a regra e não a excepção. Tal só é possível se ganharmos na Terça-feira. Eu acredito na Selecção. Mais cedo ou mais tarde, os marmanjos dão-me sempre um motivo para os apoiar incondicionalmente como os apoio. Na Sexta-feira esta regra voltou a ser cumprida e por isso agradeço-lhes do fundo do coração. Agora, cumpram-na mais uma vez no terreno da Islândia!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Bom ambiente agora... e depois?

Estamos a menos de vinte e quatro horas do encontro, a realizar no Estádio do Dragão, que oporá a Selecção Portuguesa à sua congénere dinamarquesa. O jogo realizar-se-à às 20h45 e será transmitido pela RTP.

Eu não percebo qual foi a ideia de terem mudado os jogos da Selecção para as Sextas-feiras. Como geralmente vou de fim-de-semana precisamente àquela hora, não me dá jeito nenhum! Só devo conseguir ver a primeira parte do jogo, depois terei de ouvir o relato na rádio. O que vale é que, depois de amanhã, só haverá novo jogo oficial em Junho do próximo ano - algo que ainda me causa imensa confusão (sete meses sem jogos oficiais da Selecção?!?!?), mas deve dar jeito para Bento se adaptar.

Conforme já foi realçado anteriormente, a único desfecho aceitável se se aspira a um lugar na fase final do Campeonato Europeu a realizar na Polónia e na Ucrância é uma vitória. Paulo Bento, o Seleccionador Nacional, na Conferência de Imprensa de antevisão ao jogo admitiu a pressão, mas garante que os jogadores estão motivados para dar a volta ao texto, dizendo ainda que o encontro de amanhã representa uma "oportunidade extraórdinária" para os adeptos fazerem as pazes com a Selecção.

Aparentemente, os adeptos já começaram a fazer as pazes com a Equipa de Todos Nós. No treino aberto da última Terça-feira, realizado em Óbidos, o primeiro treino com Paulo Bento ao leme da Selecção, formou-se uma autêntica moldura humara, com os jogadores e treinador a serem acarinhados pelos adeptos. Segundo algumas pessoas, há dois anos que não se via tanta gente num treino da Selecção (Sem comentários... Passado é passado). É bom sinal. Creio que as pessoas estão um pouco como eu, querem reconciliar-se com os marmanjos, querem voltar a sentir aquela emoção que, há ainda bem pouco tempo, andava de mãos dadas com um jogo da Selecção.

Entretanto, José Mourinho enviou uma mensagem de apoio à Selecção Nacional, mensagem essa que pode ser lida na íntegra neste link: http://desporto.sapo.pt/futebol/portugueses_em_destaque/mourinho/artigo/2010/10/05/a_mensagem_de_mourinho.html . Realmente, não há muito mais a dizer, apenas que o Mourinho é um grande homem, um homem ainda melhor do que eu julgava, mesmo quando o elogiei aqui no blogue, pouco antes de esta mensagem ter vindo a público. E pensar que ainda há poucos anos o odiava, quando ele vê a Selecção de uma forma muito parecida com a minha (podem confirmá-lo lendo outras entradas do meu blogue). Pode haver quem diga que o que ele quer é protagonismo ou algo do género, mas eu não me importo. Na minha opinião, vale mais uma boa acção com más intenções do que boas intenções e nenhuma acção ou uma má acção. O Mourinho não precisava de se ter dado ao trabalho de escrever a carta, mas a Selecção pode vir a benifiicar imenso com aquelas palavras. Ah, grande Mourinho!

Pois é, o ambiente em torno da Selecção parece positivo. Esperemos que continue assim depois do jogo com a Dinamarca. E tal só acontecerá se, obviamente, ganharmos.

Do lado dos dinamarqueses, o favoritismo é atribuído a nós, embora também atirem uma ou outra provocação. Parece que é mesmo típico deles, já no ano passado fizeram o mesmo... Já não me lembro de quem lançou estas, penso que foi um jogador. Supostamente, "Kjaer comerá Ronaldo vivo". Como se o Ronaldo fosse o único de quem eles deviam ter medo... A outra foi pior: " Vamos ganhar-lhes 4-0 e prosseguir o bom arranque na qualificação". Eu quando li isto bati três vezes na madeira... Nas actuais circunstâncias, não me parece um resultado tão improvável quanto isso (já viram que chegámos ao ponto de uma goleada sofrida ser considerado um resultado expectável?). Só espero é que toda esta confiança se revele excessiva e que tal acabe por jogar contra eles.

A Selecção acabou de trocar de Seleccionador, este só teve três ou quatro treinos com a equipa, estamos na terceira jornada de uma fase de qualificação de oito jornadas com um ponto apenas, há dez anos que não ganhamos ao adversário de amanhã, da última vez que os recebemos fomos derrotados por 3-2. Ninguém o pode negar, será extremamente difícil ganharmos, quase um milagre. Contudo, tendo em conta aquilo que referi acima, estou um bocadinho mais confiante. Não muito mais, mesmo assim. De qualquer forma, como é habitual, só deixarei de acreditar quando o árbitro apitar para assinalar o final da partida. Se ganharmos este e o jogo da próxima Terça-feira, consumaremos certamente a reconciliação do povo com a sua Selecção. E, se tal acontecer, montarei e colocarei na Internet o tal vídeo de recomeço que havia prometido no final do Mundial. Era para enviá-lo para o YouTube durante o Verão, só que o computador em que monto os vídeos estava avariado e também, com aquela confusão toda do Queiroz, não me parecia a altura certa. Mas fica aqui a promessa de um vídeo, bem como a promessa de apoio incondicional. Agora os marmanjos que façam a sua parte.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Entre a espada e a parede

Na Sexta-feira passada, dia 1 de Outubro, o novo Seleccionador Nacional de Portugal, Paulo Bento, de 41 anos de idade, apresentou a sua primeira Convocatória para a Selecção (na RTP, um dos títulos que usaram para esta notícia foi "Primeira Escolha" e eu achei graça ao trocadilho). Eis os Escolhidos:

Atlético Madrid: Tiago;
Benfica: Carlos Martins e Fábio Coentrão;
FC Porto: Beto, João Moutinho, Rolando e Varela;
FC Zenit: Bruno Alves e Danny;
Génova CF: Eduardo e Miguel Veloso;
Liverpool FC: Raul Meireles;
Manchester United FC: Nani;
Real Madrid CF: Cristiano Ronaldo, Pepe e Ricardo Carvalho;
SC Braga: Sílvio;
Sporting: Hélder Postiga, João Pereira, Liedson e Rui Patrício;
Toulouse FC: Paulo Machado;
Werder Bremen: Hugo Almeida.


A Selecção Nacional enfrenta, na próxima Sexta-feira, às 20h45, no Estádio do Dragão, a sua congénere dinamarquesa. Quatro dias depois, defronta a Islândia, ainda não sei a que horas. E, neste momento, se aspiramos a um lugar no Europeu de 2012, temos três escolhas: ganhamos, ou ganhamos, ou então... ganhamos.

Anteriormente não tive oportunidade para comentar aqui no blogue o processo de substituição de Carlos Queiroz. Já se passaram algumas semanas, mas ainda não percebi qual foi a ideia de irem pedir a José Mourinho para vir fazer um part-time durante uma jornada dupla, sentando-se no banco do Seleccionador. O momento em que li a notícia num rodapé de "Última Hora" foi, como diz um amigo meu, um "momento WTF?!?!". Será que Gilberto Madaíl acreditava realmente que conseguiria alugar o Mourinho por cerca de dez dias? Só penso na figura que devemos ter feito perante o resto do mundo futebolístico... E eu, que durante o Mundial fazia troça dos franceses... Para não falar da Candidatura Ibérica ao Mundial, que, com toda esta confusão, já deve ter ido ao ar.

Por outro lado, devo dizer que, no meio desta história toda, o Mourinho subiu consideravelmente na minha consideração. Foi uma lufada de ar fresco encontrar, no meio de uma novela provocada por gente que se esteve nas tintas para o bem-estar da Selecção, alguém disposto a ajudar a Turma das Quinas sem receber nada em troca. O melhor treinador do Mundo pode ter muitos defeitos, mas foi o único homem totalmente íntegro neste processo, mesmo que a sua potencial ajuda à Selecção fosse uma esmola.

Falhada a vinda de Mourinho, a Federação voltou-se para Paulo Bento, que já havia sido o primeiro nome a ser avançado mal Queiroz foi despedido. Pareceu-me uma boa escolha. A sua personalidade forte, a sua coragem e firmeza podem dar muito à Selecção, que, depois desta história toda, precisa de uma boa dose de dranguilidade (eu sei que toda a gente já disse esta piada, mas eu não resisto...). O único senão que me ocorre é a sua pouca experiência, mas, no geral, considero uma boa escolha, mesmo que tenha sido uma segunda escolha. Agora que é o Seleccionador, Paulo Bento conta com o meu apoio incondicional. Bem-vindo à Selecção!

O pior é que as mazelas que o caso deixou na Selecção ainda estão longe de ser curadas. O apuramento para o Europeu de 2012 equilibra-se num trapézio sem rede, mais uma escorregadela e vai tudo por água abaixo. Neste momento, tudo o que eu quero é que ganhemos estes dois jogos, mas, sinceramente, as hipóteses de tal acontecer são microscópicas. Temos um Seleccionador novo, que só se vai reunir pela primeira vez com os jogadores dentro de vinte e quatro horas, apenas três dias antes do jogo com a Dinamarca - um adversário que, já na última fase de qualificação, nos complicou a vida à grande e à dinamarquesa. E já li hoje que só será possível treinar a sério na Quarta-feira, para não desgastar fisicamente os jogadores.

No outro dia (julgo que foi na noite de Sábado para Domingo), sonhei que o Paulo Bento estava em minha casa e desabafava comigo:

- Estou metido entre a espada e a parede - dizia ele - Só vou ter três ou quatro dias para preparar a Selecção para jogar frente a um dos nossos adversários directos. Não 'tou a ver como é que vamos conseguir ganhar...

Eu bem queria animá-lo, encorajá-lo, mas não conseguia.

Quero tanto que a Selecção ultrapasse esta situação. Quero tanto voltar a ter uma fé quase cega naqueles homens, voltar a sentir um vibrante entusiasmo com a proximidade de um jogo... O jogo com a Dinamarca é daqui a quatro dias e eu não sinto nada... Por isso, só peço a Paulo Bento, aos Marmanjos e, de caminho, a tudo o que é entidade sobrenatural, que ganhemos estes dois jogos e que a Selecção volte de novo ao bom caminho.

P.S. Entretanto, Queiroz e Deco têm andado a trocar "mimos" via Comunicação Social, "mimos" esses que não tenho pachorra para repetir. Como ambos são "ex" da Selecção, tais declarações já pouco me afectam, apenas me deixam triste. Fui tão ingénua ao pensar que, na altura do Mundial, havia bom ambiente na Selecção...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Adeus, Professor

Ontem, após quatro horas de reunião, Gilberto Madaíl pegou no telefone, ligou a Carlos Queiroz e anunciou-lhe que este não seria mais Seleccionador Nacional. Espera-se que este seja o fim, ou pelo menos o princípio do fim desta novela que já dura há tempo de mais. Entretanto, irão também ocorrer eleições antecipadas na Federação Portuguesa de Futebol.

Era o que toda a gente desejava (incluindo eu) e que toda a gente sabia que ia acabar por acontecer. O próximo capítulo será a escolha de um novo Seleccionador. Mencionam-se vários nomes, mas até agora nenhum foi confirmado.

Na minha opinião, esta decisão peca por tardia. Pode, aliás, ter sido tarde de mais. Teria sido bem melhor se o Professor tivesse sido demitido imediatamente depois do Mundial. Apesar de eu considerar que não teria sido justo, visto que o Campeonato do Mundo não foi tão mau como alguns pintam - só perdemos com a selecção que acabou por ser campeã, pela margem mínima, com um golo de legalidade discutível; se nos tivesse calhado outro adversário nos oitavos-de-final, a história poderia ter sido diferente. Eu protestaria na altura, mas, como já disse na entrada anterior, pior do que o que estamos a viver, seria difícil. Teria havido tempo para contratar um novo técnico, para este ter feito meia dúzia de treinos com a Selecção, talvez um jogo particular em meados de Agosto. E talvez não teríamos perdido cinco pontos na primeira jornada dupla da qualificação para o Europeu de 2012. Mas não. Foi preciso invocar ofensas ao Controlo Anti-Dopping, uma entrevista infeliz ao Expresso, prolongar a trapalhada até a situação se tornar insustentável, até toda a gente suplicar pelo fim da novela, com jogadores a sair e cinco pontos a voar pelo meio, para a Federação tomar uma decisão. Mais uma vez, obrigada!

Entretanto, já o Miguel veio anunciar que ia fugir, perdão, sair da Selecção. Sem comentários...

Agora, terão de escolher um novo Seleccionador. Não sei quem será o masoquista que reparar uma Selecção esmigalhada, tendo, talvez, de colar os cacos um a um, já em risco de ver o Europeu pela televisão. Se ficarmos fora da corrida, ele é que terá de lidar com as críticas quando a culpa nem sequer é dele, ou não totalmente dele. Em todo o caso, seja ele quem for, goste dele ou não, concorde com a sua contratação ou não, contará com o meu apoio incondicional. Tal como o Professor contou.

Quero, desde já, agradecer a Queiroz. Apesar de todos os erros que cometeu, que lhe custaram o cargo de Seleccionador, quero agradecer-lhe por ter tomado conta da Selecção, pelos bons momentos que me proporcionou através dela, por aturar tanto ataque, tanta crítica, em nome da Selecção. Obrigada, Professor. Apesar de tudo, obrigada.

Espero agora que esta novela termine rapidamente e que a Selecção Nacional regresse ao bom caminho. Isso inclui qualificarmo-nos para o Europeu.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cinco golos sofridos, cinco pontos a voar

Finda a primeira dupla jornada desta fase de qualificação, a Selecção Nacional apenas ganhou um ponto, resultado de um empate por quatro bolas frente ao Chipre e de uma derrota por um golo sem resposta frente à Noruega. Agora corremos o risco de vermos o Europeu por um canudo, ainda agora a classificação começou. É o pior arranque de qualificação desde 1996. Mas não estou surpreendida. Estavam à espera de quê?!?!?!

Como já tinha dito na entrada anterior, não pude ver o jogo com o Chipre uma vez que estava no estrangeiro. Só soube do resultado do jogo no Domingo passado, quando nos deram jornais portugueses à entrada do avião de regresso. Vi o jogo de ontem, mas sem um milionésimo do interesse com que antes via os jogos da Selecção. E ainda bem, porque senão ainda me sentiria pior do que me sinto agora.

Não posso censurar os jogadores, nem mesmo Eduardo com aquele golo patético. Eles devem ser as maiores vítimas. O Ricardo Carvalho estava quase a chorar ontem à noite, na flash-interview (pelo menos, foi o que me pareceu...). Eu sabia que aquela novela toda ia - passe a palavra - "lixar" a Selecção. O Mourinho tinha avisado, vários jornalistas e comentadores tinham avisado, eu tinha avisado (confirmem entradas anteriores) e nem percebo muito de futebol. Tenho de dar os parabéns ao pessoal da Federação, a Carlos Queiroz, à Autoridade Antidopagem, a quem quer que seja responsável pela crise actual. Conseguiram dar cabo da Selecção Nacional, conseguiram destruir um dos nossos poucos pontos fortes no último Mundial, se não foi o único: a defesa, o nosso guarda-redes que nestes dois jogos sofreu tantos golos quantos os que tinha sofrido no Mundial e em mais de metade da fase de qualificação para este último campeonato. Obrigadíssima! Agora estamos de novo de calculadora na mão.

Porque é que voltei a Portugal? Porque é que não fiquei num país civilizado? Enquanto lia os jornais no avião de regresso, ainda nem este tinha descolado, e me apercebia que a novela estava longe do fim, já punha a hipótese de tentar fugir do avião para não ter de voltar. Antigamente, não há tanto tempo quanto isso, a Selecção era a única coisa que me prendia a este país sempre-em-crise, com uma justiça lenta e ineficaz, com pessoas sempre a queixarem-se da crise mas sem mexerem uma palha para combatê-la e políticos medíocres. A Selecção era a única coisa que nos fazia orgulharmo-nos de sermos portugueses - foi preciso um estrangeiro vir cá para que tal acontecesse! Mas agora conseguiram arruiná-la.

E eu não posso fazer nada, não consigo fazer nada. Já é suficientemente mau andarmos com maus resultados - se fosse só esse o problema, podia-se "resolver" com estímulos ao apoio popular para aumentar a motivação, preserverança e fé em Deus. Eu sempre podia ajudar um bocadinho. Mas quando a origem vem de dentro e de lá de cima, sem que ninguém esteja disposto a fazer nada, que se pode fazer?

Apenas pedir que resolvam isto de uma vez por todas. Já chego ao extremo de pedir que despeçam Queiroz de vez (nunca pensei vir a desejá-lo) se é isso que querem. Que se dane a adaptação a um novo treinador - pior do que a situação actual é difícil. Se for preciso paguem a cláusula de rescisão - duvido que seja maior do que os potenciais prejuízos de uma não-qualificação. E já vão tarde - mesmo que tudo se resolva agora, já voaram cinco pontos.

Entretanto, a nós, os adeptos, aqueles que não deixam de apoiar a Selecção mesmo nestes momentos, só nos resta esperar e rezar pelo fim desta trapalhada toda. Qualquer que seja o fim.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Em vésperas do início da qualificação... e a novela continua

Domingo à noite, no sítio da Federação, foram divulgados os Convocados para a jornada dupla inaugural da Qualificação para o Campeonato Europeu de 2012, a realizar na Polónia e na Ucrânia.

Devo dizer, "Polónia e Ucrânia" não tem a mesma sonoridade que "África do Sul" tem. Nem de longe, nem de perto. Sem ofensa para eventuais polacos e ucranianos que lerem isto.

Visto que na Quarta-feira vou passar férias no estrangeiro, não terei oportunidade de ver o primeiro jogo da jornada, frente ao Chipre. Regresso no dia 6, mas só escrevo outra entrada depois do jogo frente à Noruega.

As grandes novidades da Convocatória são a Chamada de Sílvio e de Nuno André Coelho. Outro ponto a assinalar é a lesão de Ronaldo, que permitiu a Ricardo Quaresma regressar à Selecção depois de cerca de dois anos de ausência. A lesão de Silvestre Varela também deu oportunidade a Yannick Djaló de se juntar à turma das Quinas. Noutras circustâncias, analisar-se-iam com mais detalhe, mas a história do momento é outra.

Como consequência dos incidentes decorridos durante a visita da Autoridade Antidopagem ao Estágio de Preparação do Mundial 2010, na Covilhã, a Federação puniu Carlos Queiroz com um mês de suspensão e uma multa, cujo valor não me recordo agora. Por sua vez a Autoridade Antidopagem vai castigar o Seleccionador com uma suspensão de seis meses. Como resultado, Queiroz falhará, não só os jogos desta jornada, contra o Chipre e a Noruega, mas também falhará os da outra jornada: frente à Dinamarca, dia 8 de Outubro, e frente à Islândia, no dia 12 do mesmo mês. Mas os processos não ficam por aqui, já que parece que Armândio de Carvalho pretende também agir judicialmente contra o Professor a propósito de umas declarações que este último fez ao semanário Expresso.


Em suma, as coisas vão de mal a pior.

Em relação à sanção aplicada pela Autoridade Antidopagem, acho que é muito discutível considerar que o Professor tentou impedir o controlo anti-dopping, mas já falei disso na entrada anterior. Visto que, pelos vistos, a pena para estes casos vai de dois a quatro anos de suspensão, mas "atenuantes" foram consideradas e "só" o puniram com seis meses de suspensão. Inicialmente, pensei que podia ter sido pior, que "só" ia falhar quatro jogos, noutro ano se calhar falharia mais. Só que depois lembrei-me que esses quatro jogos correspondem a metade da fase de qualificação (!). Não que ache que a Selecção sofra muito com a ausência dele. O adjunto Agostinho Oliveira deve ter, certamente, um estilo de treino semelhante ao de Queiroz. Por outro lado, se o periodo de suspensão fosse de dois a quatro anos, a questão da continuidade ou não de Carlos Queiroz como Seleccionador Nacional estaria arrumada: o Professor saía, viesse o próximo. Com seis meses, não sei mesmo como é que a novela acaba, se é que algum dia irá acabar.

Pelo que vou percebendo das notícias, dos comentadores e das conversas de café, existe uma facção dentro da Federação que se quer livrar de Queiroz, sem ter de pagar a cláusula de rescisão, e outra facção que quer que ele continue. Só que ninguém está disposto a assumir abertamente a sua posição, a novela vai continuando e a credibilidade da Selecção vai descendo, encontrando-se, neste momento, nas ruas da amargura.

Entretanto, no meio de toda esta confusão, o Simão Sabrosa e o Paulo Ferreira anunciaram que não voltam a representar Portugal. Ambos alegam "motivos pessoais" e que é preciso dar o lugar a jogadores mais jovens. Estas renúncias provocam-me sempre uma certa nostalgia e tornam notória a passagem dos anos, mas, desta feita, há mais. Estas decisões podem ter já sido tomadas há algum tempo, acho que o Paulo já o comunicara ao Professor há umas semanas. Contudo, nestas circunstâncias, não consigo evitar pensar nos marinheiros que pegam nos salva-vidas e saltam para o mar, abandonando o navio que se afunda sem sequer tentarem repará-lo.

Já que comecei com esta metáfora do navio, devo dizer que o Presidente da Federação parece um daqueles violinistas do Titanic, que continuavam a tocar apesar de o navio se estar a afundar. Por amor de Deus, como é que ele pode dizer que esta situação não vai afectar a equipa?!?!?!? Nem eu sou assim tão ingénua...

O que aconteceu à Selecção? Como é que chegámos a isto? Ainda há poucos anos estávamos tão bem, éramos uma das melhores Selecções do Mundo inteiro, as pessoas penduravam bandeiras às janelas, seguiam e apaparicavam a Selecção onde quer que esta estagiasse, os marmanjos eram a única razão que tínhamos para nos orgulharmos de ser portugueses... Não há tanto tempo quanto isso eu sentia um vibrante entusiasmo sempre que se aproximava um jogo da Selecção, mesmo quando nos encontrávamos num trapézio sem rede. Agora, estamos a três ou quatro dias do início de uma fase de qualificação. Entusiasmo? Zero. Só vejo a Selecção cair aos bocados e ninguém a fazer nada. É pior, muito pior, do que sermos expulsos do Mundial ou do que falharmos a qualificação para o Europeu. Só tenho vontade de dar uns valentes abanões aos protagonistas da novela, sejam eles quem forem, técnicos, jogadores fugitivos, funcionários da Federação e de lhes gritar nos ouvidos:

- Por amor de Deus, façam alguma coisa!!! Tomem uma decisão!!! É da Selecção que estamos a falar, é vosso dever não deixá-la afundar-se ainda mais!!! - isto, talvez, com um ou outro palavrão no meio.

Se pudesse, se tivesse conhecimentos para tal, eu própria impediria a Selecção de se desmoronar, mesmo que tivesse de colar os cacos um a um. Só me resta passar os meus sentimentos para o QWERTY e rezar para que alguém com os poderes que eu não tenho os leia no meu blogue.

Noutras circunstâncias, analisaria os nossos próximos adversários, mas agora não estou para isso. Não sei quase nada sobre o Chipre nem sobre a Noruega, de qualquer forma. Nem sequer consigo sentir grande pena de não poder ver o jogo na Sexta-feira. A única coisa que acho que vou perder é o regresso do Quaresma. Nem sequer tenho uma opinião formada em relação às hipóteses de ganharmos - nas actuais circunstâncias tudo pode acontecer.

Por acaso, achei graça ao que Octávio Ribeiro escreveu na sua coluna do Record de hoje: "E, como historicamente somos perfeitos na arte do improviso, a dar ordem ao caos, tudo aponta para a obtenção de duas vitórias folgadas. Ao Chipre a Noruega já ganhámos!".

Rio-me para não chorar...

Ainda bem que amanhã abandono este triste país, se bem que apenas por uns dias. Pode ser que quando regresse já tudo isto esteja morto e enterrado. Contudo, também há duas ou três semanas esperava mais ou menos o mesmo e, até agora, está visto, não tenho tido grande sorte.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quando estala a polémica, a Selecção é que se lixa

Visto que, neste momento, a Selecção atravessa uma situação complicada, achei por bem falar disso cá no blogue. Era para ter escrito mais cedo, mas estive fora e só agora tenho acesso à Internet.

Confesso que só muito recentemente é que consegui perceber ao certo do que é que se trata. Em férias não há horários fixos, nem sempre conseguia cumprir o ritual de ver o noticiário durante o jantar. Se bem que ainda existam alguns pormenores que me causam confusão nesta história das ofensas que o Seleccionador Nacional terá dirigido aos funcionários da Autoridade Anti-dopagem. Mas já lá vamos.

Segundo o Correio da Manhã de Quarta-feira, dia 11 de Agosto, Carlos Queiroz não terá gostado de ver a rotina do estágio de preparação do Mundial 2010 perturbada pela súbita aparição da Autoridade Anti-dopagem (embora não saiba se é assim que se chama). À boa maneira portuguesa, Queiroz terá expressado dúvidas sobre a honra da mãe do director da Autoridade – Luís Horta – e o senhor terá ficado tão perturbado que não conseguiu analisar correctamente a urina de um dos jogadores.

Isto supostamente passou-se há três meses, durante o estágio na Covilhã. Porque é que só veio a lume há poucas semanas?

Talvez tenha sido a própria Federação Portuguesa de Futebol a abafar o caso na altura, para não perturbar a preparação do Campeonato do Mundo. Sim, porque se um órgão qualquer de Comunicação Social tivesse sabido, não deixaria escapar a oportunidade de lançar a bomba mediática cujos efeitos seriam muito mais significativos do numa altura em que a Selecção se encontrava no centro das atenções que estão a ser agora.


Já li alguns artigos de opinião em que comparavam Queiroz a José Sócrates. Vou fazer o mesmo agora: como não conseguiram tirar o actual Primeiro-Ministro do Governo através de eleições legislativas, há quem insinue que o caso Face Oculta, surgido poucas semanas depois do escrutínio, não passou de uma segunda tentativa de tirar Sócrates do lugar de Primeiro-Ministro. Este caso dos insultos à Autoridade Anti-dopagem é capaz de ser o caso Face Oculta de Queiroz. No CM diziam que havia gente da FPF que desejava a saída de Carlos Queiroz do cargo de Seleccionador Nacional, devido ao desempenho abaixo do desejado do Mundial e à falta de progresso assinalável nas Selecções jovens. E como não conseguiram livrar-se de Queiroz depois do Campeonato do Mundo… Há quem diga que, se nos tivéssemos saído melhor no Mundial, ninguém saberia deste caso.

De qualquer forma, parece que Queiroz terá mesmo proferido as alegadas ofensas. O que é sempre reprovável, é claro. Contudo, não sei se estarão a exagerar, a fazer uma tempestade num copo sem água, como diz o Professor. Quer dizer, não me parece que se trate de uma obstrução à Autoridade Anti-dopagem que, pelos vistos, pode dar direito entre dois a quatro anos de suspensão – o que, neste caso, significaria que Queiroz deixaria de ser Seleccionador Nacional. Tanto quanto percebi, o Professor não se queixou no controlo, queixou-se do mau timing. Não, isto não é mais grave do que o murro de João Pinto ao árbitro ou do que o soco-que-não-chegou-a-sê-lo de Scolari a Dragutinovic. Mas já ouvi dizer que tencionam apresentar uma queixa-crime, com possibilidade de prisão. Por amor de Deus! Por essa lógica, prendiam quase todos os profissionais do futebol. Basta olhar para os lábios de jogadores de treinadores durante os jogos para adivinhar facilmente que estão a dirigir palavrões ao árbitro e/ou aos adversários, mas ninguém faz nada. Haja senso! Em todo o caso, na minha opinião, o actual Seleccionador não deveria escapar impune.

O que mais me irrita no meio desta história toda é que, quer a razão esteja do lado de Queiroz ou da Autoridade Anti-dopagem, a Selecção Nacional é que – passe a expressão – se lixa. Vimos de um Campeonato do Mundo em que ficámos abaixo das expectativas, vamos começar a fase de apuramento para o Campeonato da Europa. Supostamente, devíamos estar todos empenhados em começar bem a qualificação para não termos de passar pelas dificuldades por que passámos na Qualificação para o Mundial, mas nãããããããããããããoooooo! Tinha de surgir este caso, tinha de se dar mais uma machadada na credibilidade da Selecção. Muito obrigada!

Ainda recentemente, pensava que, neste momento, o melhor para a Selecção era que Carlos Queiroz continuasse à frente do comando técnico. Mas agora, não sei. Mesmo que o Seleccionador saia ilibado, ou que o caso seja arquivado, a sua credibilidade está irremediavelmente (ainda mais) comprometida. Além disso, pelas bocas que alguns jogadores lançaram durante o Mundial e pelo facto de só o Ricardo Costa ter defendido Queiroz (mas como este não é titular habitual, as suas intenções são duvidosas, pelo menos para mim - sem ofensa). Parece que a relação entre jogadores e treinador já viu melhores dias. Eu ainda acho que, a curto prazo, a troca de Seleccionadores traria mais desvantagens do que vantagens, mas já não sei se valerá a pena manter o actual Seleccionador. Não sei realmente o que pensar. Para mim, o bem-estar da Selecção Nacional está acima de tudo, mas parece que sou a única a pensar assim… Só quero que esta história acabe de vez e que a Selecção seja o menos prejudicada possível.
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