quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Islândia 1 Portugal 3 - Desentubados e renascidos

Terça-feira à noite, a Selecção Portuguesa visitou a sua congénere Islandesa, vencendo-a por três bolas a uma, consumando, deste modo, o retorno da Equipa de Todos Nós aos bons resultados e às boas exibições.

Desta feita, não fizemos uma exibição tão forte como quando jogámos com a Dinamarca, tendo havido alguns momentos em que receei um descarrilamento. Que, felizmente, não chegou a acontecer.

Assisti ao jogo via televisão, enquanto jantava, juntamente com a minha família. A minha irmã mais nova tinha apostado o resultado com os amigos. Ela apostou em 1-0, outros apostaram em 3-2, 5-1 e outros resultados que não recordo. Quem acertasse, receberia um euro de cada apostador. Se ninguém acertasse, ganhava quem mais se aproximasse do resultado.

Nós entrámos bem no jogo, com Cristiano Ronaldo a marcar aos três minutos, de livre. A bola rasou a muralha islandesa, entrando depois na baliza, sem nada nem ninguém que a travasse.

- Eles também nem se mexeram - comentou o meu irmão - Os islandeses podiam ter saltado, eles nem sequer saltaram...

- Se eles saltassem, ficavam toldados com o fumo daquele vulcão com um nome esquisito - gracejou o meu pai.

Visto que este resultado interessava à minha irmã, depois deste golo, ela começou a reclamar sempre que os marmanjos se aproximavam da baliza adversária, como se tivesse a torcer pelos islandeses. Isso, ora me divertia, ora me irritava. Com franqueza, basta acenar-lhe com dois ou três euros para a miúda perder todos os princípios...

Entretanto, os portugueses afrouxaram um bocadinho com o golo, a Islândia começou a dar luta e acabou por marcar.

- Oh, só podem 'tar a gozar! - exclamei, vendo a vida a andar para trás.

Seguiram-se dez minutos de nervos. Os marmanjos, atordoados com a súbita anulação da vantagem, pareciam um bocado trapalhões. Cheguei a dar uns berros quando, poucos minutos após o golo islandês, a bola aproximou-se perigosamente da nossa baliza. Uma jogada parecidíssima com aquela que resultara no golo. Pus-me a roer as unhas, algo que deixara de fazer há semanas.

O golo de Meireles (ganda bomba!) acalmou-me um bocadinho. Gritei "GOLO!" e encostei-me para trás, aliviada.

Contudo, um golo a mais era uma vantagem ainda demasiado frágil para me acalmar por completo. Continuei, portanto, um bocadinho nervosa, já na segunda parte, apesar de nos mostrarmos claramente superiores. Gemia sempre que era marcado um canto a favor da Islândia, lembrando-me do golo sofrido. Já me daria por satisfeita se conservássemos a vantagem até o árbitro apitar três vezes.

Se o marcador se mantivesse inalterado até ao minuto 90, ninguém teria ganho a aposta, ou então o dinheiro do prémio teria sido dividido, por 2-1 fica exactamente a meio caminho entre 1-0 e 3-2. Tal não aconteceu, graças a Hélder Postiga.

O golo do sportinguista acabado de entrar colocou um ponto final no meu sofrimento e encerrou o marcador.

- Já foste, mana! - gritei à minha irmã. Com este resultado, o amigo dela que apostou 3-2 ganhava.

Já tinha saudades do Hélder, que já não vestia a camisola das Quinas há dois anos. Apesar do seu desempenho irregular, sempre foi um dos meus jogadores preferidos.

E pronto. Esta dupla jornada terminou connosco em segundo lugar, com seis pontos ganhos, seis golos marcados e dois sofridos. Não estava à espera que estes jogos corressem assim tão bem.

A verdade é esta: Paulo Bento conseguiu em pouco mais de duas semanas ao leme da Selecção feitos que Queiroz não conseguiu realizar em dois anos. Conseguiu pôr Ronaldo a jogar ao seu melhor nível e a marcar golos pela Turma das Quinas (em dois jogos marcou o mesmo número de golos que marcara em dois anos e um deles foi de penalti, num particular); pôs a Selecção a golear quando na anterior qualificação passaram-se´vários jogos sem gritar "GOLO!". Segundo os jornais, Bento não complicou, pôs os marmanjos a jogar nas suas posições habituais e os resultados estão à vista.

Pelos vistos, a saída de Carlos Queiroz e a entrada de cena de Paulo Bento foram cruciais. E não consigo evitar um sentimento de culpa ao escrever isto, ao acreditar que as decisões de Queiroz nem sempre foram benéficas, quando há nem quanto tempo quanto isso, conservava intacta a minha lealdade ao ex-Seleccionador, apesar de metade do País vociferar contra ele.

Não adianta estar a remoer o assunto. Passado é passado. Queiroz fez o melhor que poda, ainda deu bastante à Selecção, cometeu erros como qualquer um (começando por não ter tido tento na língua quando devia ter tido), agora Bento está no seu lugar. Desejo o melhor ao Professor, mas agora Bento é o Seleccionador e, enquanto o for, pode contar com o meu apoio incondicional. Ponto final.

Paulo Bento havia dito que, depois de ganharmos à Islândia, passaríamos a respirar melhor. De facto, sinto-me como se tivéssemos sido desentubados, como se tivéssemos renascido. O país dos vulcões assistiu mesmo à erupção portuguesa, mas só a parte dela, que a erupção começou no Estádio do Dragão. Estamos de volta!

O próximo jogo oficial é daqui a oito meses, frente à Noruega. É muito tempo, muita coisa poderá acontecer até lá. Podemos saborear o renascer na Selecção durante mais um bocado. No dia 17 de Novembro teremos um jogo particular com a Espanha, nossa parceira de candidatura à organização do Mundial, no Estádio da Luz. Espero que se realizem mais alguns particulares em Fevereiro e Março, que sete meses sem Selecção é demais...

Como prometi, nos próximos dias vou montar o tal vídeo de recomeço. Tenciono começara a trabalhar nele ainda hoje. Assim que estiver pronto, colocá-lo-ei aqui no blogue e também no YouTube. A música que utilizarei como banda sonora encontra-se na playlist que recentemente adicionei ao blogue. Não sei se terei problemas com os direitos de autor, mas, para prevenir isso mesmo, farei um duplicado do vídeo com a versão instrumental da música.

A maneira como me surgiu a ideia de fazer este vídeo é curiosa. No dia (ou dias, não me lembro bem) que se seguiu à nossa expulsão do Mundial, estava a ouvir esta música e percebi que a letra se aplicava à situação da Selecção.

Com este vídeo tenciono transmitir uma mensagem que não passa da adaptação da mensagem da música à Selecção Nacional: existem e sempre existirão inúmeros cépticos tentando incutir-nos o seu pessimismo, mas a verdade é que não poderemos ganhar todos os jogos, haverá alturas em que estaremos muito perto de perder a fé. Contudo, há-que continuar a acreditar, a apoiar, a lutar e, mais cedo ou mais tarde, a Selecção recompensar-nos-á.

Foi o que aconteceu agora, nesta última semana. Com toda aquela confusão e os consequentes tropeções no apuramento, frente ao Chipre e à Noruega, quase acreditei que não sairíamos dessa. Mais obriguei-me a continuar a apoiar e agora a Selecção renasceu, voltou a levantar voo. Agora que retomámos a escalada, que estamos de novo a voar, nada nem ninguém nos fará cair de novo, nada nem ninguém nos vai parar!

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