domingo, 27 de maio de 2012

Portugal 0 Macedónia 0 - Mais uma vez, nada de novo

Ontem, sábado, dia 26 de maio, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu no Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, a sua congénere macedónia num jogo de carácter preparatório que terminou como começou: sem golos de nenhuma das partes.

Tal como tinha previsto, não pude seguir o jogo pela televisão, pois passei a tarde toda ao volante. Tive de segui-lo pela rádio. E ainda bem que o fiz pois o entusiasmo dos locutores ajudaram a disfarçar o tédio do jogo, a "falta de tempero" como os locutores disseram.

Não me vou alongar muito até porque o jogo não o justifica. Dizer apenas que, logo aos primeiros minutos, se notou que aquilo ia acabar como acabou - embora isso não me tenha impedido de cruzar os dedos e desejar que a bola cruzasse a linha da baliza macedónia. 

Quem não merecia de todo este resultado foi o público, que quase encheu o Magalhães Pessoa. Eles até foram impecáveis, aplaudiram a Seleção ao intervalo depois de uma primeira parte fraquinha. Na segunda parte é que a paciência esgotou-se e vieram os assobios. Não é a primeira vez que o digo, eu nunca seria capaz de assobiar a Equipa de Todos Nós. Na minha opinião, o apoio tem melhores resultados, mas este é uma daquelas situações em que os compreendo. Os locutores da Antena1 chegaram mesmo a dizer que uma boa parte do público já devia estar a pensar que mais valia terem ido à praia. Dava para ouvir o speaker do Estádio tentando puxar pelo público, já que a Seleção não estava a ser capaz de fazê-lo.


Já que se fala disso, ao longo do relato dos locutores iam recordando que era apenas um jogo de treino, etc, etc, apelando a alguma compreensão mas a verdade é que também eles acabaram por perder a paciência. Um deles, depois de mais um remate falhado na segunda parte, gritou:

- Se quiserem, atiro eu! Se quiserem, atiro eu!

Foi um momento engraçado.

Mais tarde disseram algo do género:

- Rapaziada, ainda não estão de férias! Ainda têm o Euro para jogar!

Há quem diga que foi precisamente por causa disso que não se esforçaram mais, por terem medo de se lesionarem e terem de ir de férias mais cedo. Mariquinhas... Frente à Polónia, andavam a guardar-se para os clubes, ontem guardaram-se para o Europeu... Não posso dizer que não compreendo ou mesmo que não concorde. Já percebi, aliás, que não se pode esperar mais de jogos como este, menos de uma semana depois do início do estágio. Já há dois anos, com o Cabo Verde, foi a mesma história. Isto para não falar dos particulares dos nossos futuros adversários, de onde tanto a Alemanha como a Holanda e a Dinamarca saíram derrotadas.



Paulo Bento, ao menos, teve a dignidade de admitir que a equipa jogou mal, em vez que dourar a pílula, de dar desculpas esfarrapadas, como fez, por exemplo, Cristiano Ronaldo. Mas também disse que não estava preocupado e muitos concordam com ele. Afinal, o estágio ainda agora começou, o onze que jogou no Magalhães Pessoa não será, certamente, o mesmo que entrará em campo com a Alemanha dia 9 - pelo menos, não no início do encontro - este foi um jogo para se fazerem experiências, a Macedónia pouco tem em comum com os nossos futuros adversários, os Marmanjos nunca dão o seu melhor em jogos deste género.

Não há, realmente, motivos para preocupações. Eu não estou preocupada. Mas não deixo de estar zangada. Eu queria mais! Como tinha escrito na semana passada, eu queria ação, queria comemorar golos pela primeira vez este ano! Mas não. Os Marmanjos voltaram a não se entregarem completamente, a adiar os golos, as vitórias. Até podem ter bons motivos para tal, talvez até tenham feito o que deviam nestas circunstâncias, talvez eu esteja a ser demasiado exigente, talvez porque já tolerei muita coisa por parte da Seleção e esteja a ficar sem paciência. Mas também não me parece que seja assim que vão mobilizar os portugueses para apoiarem a Seleção no Europeu.

Por outro lado, este jogo nunca ficaria na História, mesmo se tivéssemos ganho. Por isso, não vale a pena pensarmos muito nele. Na segunda-feira começará mais uma semana de estágio de preparação do Euro 2012. No sábado, teremos novo jogo particular - e aí a tolerância será menor. Aí a Seleção terá de dar-me aquilo que quero, aquilo que todos queremos, aliás: um motivo, por pequeno e irrelevante que seja, para acreditar numa boa jornada rumo à final de Kiev.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Nada de novo

O estágio de preparação do Euro 2012 já começou há alguns dias. A Seleção Nacional concentrou-se em Óbidos na passada segunda-feira e, tirando 24h horas entre quarta e quinta feira, têm estado por lá, afinando as armas e definindo estratégias para, em junho, irem à conquista da Europa.

Como José Carlos Freitas assinalou no Record de quarta-feira (depois deste tempo todo como blogueira e administradora de uma página de Facebook sobre a Seleção, estes nomes ficam na cabeça), pode haver quem critique o facto de Paulo Bento dar folgas, alegando que os jogadores têm é de trabalhar. Contudo, acredito que aprisionar os jogadores pode ser contraproducente. Paulo Bento assinalou, aliás, da Conferência de Imprensa de hoje, que qualquer pessoa regressa para a família depois de trabalhar a semana inteira. No Record alegam, além disso, que há dois anos, aquando da preparação do Mundial 2010, os Marmanjos já não podiam ver Carlos Queiroz à frente - o que deve ter contribuído bastante para a degradação das relações entre jogadores e treinador.

Uau, eu andava mesmo iludida há dois anos...

Até agora não tem acontecido nada de especial no estágio, tirando a lesão de Carlos Martins e a consequente Chamada de Hugo Viana. Tenho imensa pena do Carlos, pois seria a primeira vez que ele participaria numa fase final, mas ao menos assim poderá estar ao lado do filho que, finalmente recebeu um transplante de medula, e agora vai ser sujeito a diversos tratamentos, incluindo, ao que parece, quimioterapia (vão sujeitar uma criança de três anos a quimioterapia, meu Deus...). Além disso, agora o Hugo Viana tem a sua oportunidade. E como metade do País passou a semana passada vociferando contra a ausência do médio na Convocatória inicia, suponho que o jogador será útil à Turma das Quinas.

Nestes dias, tenho acompanhado as últimas sobre a Seleção quase ao minuto, de modo a poder atualizar a página do Facebook e a juntar material para entradas no blogue. Vou aos artigos relacionados dos Alertas do Google, vasculho as redes sociais, imprimi o programa do estágio para saber a que horas são as Conferências de Imprensa para depois poder acompanhá-las pela televisão ou pela rádio, vou a cafés que tenham jornais disponíveis para leitura - o que, às vezes, origina situações caricatas. Quando a minha família vê as notícias da Seleção no Telejornal, ao fim do dia, já as notícias são velhas para mim, mais do que ouvidas e processadas.



No entanto, estas não têm trazido nada de novo, nada de inesperado. As declarações dos jogadores nas Conferências de Imprensa podem resumir-se a isto: "Ai e tal, estou muito contente por estar aqui, o Mister é que depois decide se quer que eu entre em campo em vez do X ou do Y, o Z se calhar também merecia estar aqui mas foi o Mister que não o quis convocar, a equipa vem sempre antes dos meus interesses pessoais, vou dar o meu melhor, vamos todos dar o nosso melhor, etc, etc." A única com algo diferente foi a de Raul Meireles, a quem foi perguntado se faria uma tatuagem caso Portugal se sagrasse campeão. Ele disse que sim mas, como assinalaram na SIC Notícias, ele já não deve ter espaço para mais nenhuma...

Já que se fala nisso, talvez eu faça uma tatuagem da Seleção se formos campeões. Já sonho há anos com uma tatuagem que simbolizasse a Turma das Quinas. É só uma ideia vaga pois, na verdade, tenho medo de apanhar infeções, de ter de deixar de ser dadora de sangue, de a tatuagem sair mal, de me arrepender. Mas se Portugal levantar a Taça Henri Delaunay em Kiev, considerarei seriamente essa hipótese.

Mas regressemos ao assunto anterior. Igualmente repetitivas têm sido as mil e quinhentas delcarações de tudo o que é personalidade no mesmo desportivo com prognósticos para o Euro 2012. Há pessoas mais otimistas do que outras, comparações entre a Seleção atual e a Seleção de outras fases finais mas, no fim, as conclusões são quase sempre as mesmas.



É por esse motivo, por suspeitar que não há muito mais a acrescentar, que não tenho visto o programa "Diário do Euro", nem sequer para passar em fast-forward, apesar de ter todas as emissões gravadas. O "Vamos Lá Portugal" tenho visto apenas por serem cinco minutos e, na minha opinião, tem tido altos e baixos, o único de que gostei realmente até agora foi o do aniversário do Hugo Almeida. Os outros pareceram-me irrelevantes, na sua maioria; mais uma vez, não trouxeram nada de novo. Além de que irrita-me imenso o facto de o Cristiano Ronaldo aproveitar quase todas as vezes que tem uma câmara a si apontada para fazer publicidade à Nike.

Durante semanas ansiei por isto, por termos todos os holofotes virados para a Seleção; no entanto, agora que estamos finalmente em vésperas do Europeu, acho que andam a conceder demasiado tempo de antena à Equipa das Quinas. Demasiado, porque não tem acontecido quase nada que justifique tanto programa. Tirando as lesões, as únicas notícias que têm saído são declarações, prognósticos, em suma, palavras. E eu cheguei a um ponto em que palavras não são suficientes, quero ação. Quero parar de analisar a Alemanha, a Holanda e a Dinamarca, quero que a Seleção entre em campo e que se descubra, de uma vez por todas, quem é melhor que quem. Aí é que as coisas se tornarão interessantes, aí é que se justificará todo o tempo de antena.

Felizmente, este fim de semana, teremos uma amostra de ação, com o particular frente à Macedónia. Só uma amostra, mas talvez o suficiente para termos algo de novo sobre que falar. Não sei nada sobre a Macedónia - nem sequer sei ao certo onde é que fica - mas, em princípio, são daquelas seleções teoricamente mais fracas. O que já não quer dizer nada. Ainda me lembro do empate sem golos frente ao Cabo Verde, na preparação para o Mundial 2010, das desculpas esfarrapadas que deram para justificar tal resultado. Não quero que isso volte a acontecer. Para podermos acreditar que temos hipótese, a mínima hipótese que seja de sobrevivermos a um grupo como o nosso, temos de ser capazes de ganhar a uma seleção como a Macedónia.

Não sei se vou conseguir ver o jogo pela televisão, pelo menos não na sua totalidade, mas vou poder ouvir o relato na rádio. Tenho a certeza que o entusiasmo dos locutores compensará sobejamente a falta de imagem. A única contrapartida é não poder ver os Marmanjos estrearem o novo equipamento mas terei tempo de ver o resumo mais tarde.

Tem-se falado muito sobre este Europeu, mas o discurso tem sido praticamente o mesmo desde o sorteio da fase de grupos, em dezembro do ano passado. Fala-se muito, promete-se muito, mas pouco ou nada se tem visto. Por falta de oportunidade, é certo, mas na única que tiveram - ou seja, no particular frente à Polónia em finais de fevereiro - pouco se viu. Estou farta de conversas, de teorias, de promessas, de palavras. Quero ações, quero resultados. Quero celebrar um golo pela primeira vez este ano - bem, em rigor, já celebrei uns quantos mas não os senti. Não como sinto um golo da Seleção. Não é pedir demais a uma equipa que quer deixar, pelo menos, um de dois vice-campeões pelo caminho, pois não?

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O País Cantando pela Seleção

Já começa a ser tradicional a entrada sobre hinos de apoio à Seleção Nacional em vésperas de Campeonatos de Seleções. Nestas semanas antes do Euro 2012, tal entrada tornou-se ainda mais pertinente do que nunca depois de Cristiano Ronaldo e Paulo Bento terem solicitado a criação de um cântico para a Equipa de Todos Nós.

Além de que já deu para ver que estas entradas são das que obtém maior audiência aqui no blogue.

Como já mencionei, nesta entrada e em anteriores, Cristiano Ronaldo manifestou o desejo de ouvir cânticos de apoio à Seleção, à semelhança do que acontece nos clubes. Paulo Bento chegou mesmo a desejar: "que no Euro 2012 o País cante pela Seleção e que os jogadores o sintam". Ora, músicas desse género sempre existiram, as duas entradas que já publiquei sobre esse tema (AQUI e AQUI) são prova disso. No entanto, depois destes apelos, surgiram muitos mais cânticos do que o habitual - como, de resto, era de esperar.

À medida que ia dando com os cânticos através das redes sociais ou do YouTube, publicava-os na página do Facebook, acompanhados do meu parecer. Foram vários, mas só gostei verdadeiramente de quatro deles - a esses, cheguei mesmo a escrever críticas razoavelmente detalhadas e a publicá-las na página do Facebook. Apresento aqui as quatro músicas que considero serem as melhores:

Dá-lhe Portugal



Como podem ouvir, é um cântico simples, consistindo em batida, coro de vozes masculinas, letra simples. Não difere muito dos típicos cânticos de futebol. Já li, inclusivamente, que foi adaptado de um cântico argentino. De qualquer forma, acho que ficou muito bom, com uma melodia incrivelmente cativante.



Portugal Vamos Lá



Destas quatro, esta é a faixa de que menos gosto, por ser a menos original. A letra é vulgar, fraquinha e os excertos de elatos de rádio., apesar de inovarem ao remeterem para o passado recente (leia-se: os play.-offs frenmte à Bosnia em novembro do ano passado), já se tornaram um grande cliché. No entanto, tem uma boa melodia, um ritmo alegre e dançante, transmite bem o espírito da Seleção.


Hino de Paulo Lima



Não conheço o nome desta faixa, para a  distinguir das outras, designei-a "Hino de Paulo Lima, em referência ao seu compositor. Esta é a minha preferida de todas as que surgiram a propósito do apelo de Cristiano Ronaldo e Paulo Bento. Tem a melhor qualidade musical, a interpretação por uma voz feminina está excelente, muito emotiva. O grande ponto forte da música é a sua letra, o facto de remeter para a História e a cultura portuguesas - não é inédito fazerem-se tais referências a propósito da Seleção mas, tanto quanto sei, nunca ninguém as incluiu num cântico de apoio antes disto.


Portugal is All In



Este é um hino patrocinado pela Adidas, que foi lançado na semana passada. Os seus pontos fracos são a qualidade musical - não gosto de dubstep nem de auto-tune, embora não fiquem muito mal nesta faixa - e o facto de levarmos a toda a hora com o slogan da Adidas. Os pontos fortes são o facto de incluírem múltiplas vozes, masculinas e femininas - refletindo o carácter pluralista e unificador da Equipa de Todos Nós - a originalidade da letra - nalguns aspetos, faz lembrar o Menos Ais - os comentários de Luís Freitas Loboe, sobretudo, o refrão - épico, emotivo, que fica preso na cabeça.

Este foi o único cântico para o qual criei uma montagem de vídeos, uma vez que todos os outros já tinham vídeos semelhantes.


Com grande pena minha, nenhuma destas faixas chegou às cinco finais do programa "Canta Portugal" o cântico oficial da Seleção (não que esperasse que Portugal Is All In fosse considerada nesta matéria). No entanto, entre as cinco candidatas finais, encontra-se "A Seleção de Todos Nós", dos Fonzie!

Portugal (A Selecção de Todos Nós)



Esta música surgiu há dois anos, nas vésperas do Mundial 2010. Cheguei a falar dela cá no blogue. Embora não a coloque no mesmo pacote que as outras músicas de que falei acima, esta é uma das minhas preferidas. A letra não traz nada de novo, mas a melodia é forte. Além disso, ajuda imenso o facto de ser uma música rock, o meu estilo musical preferido. Não estava à espera que entrasse nesta corrida para cântico oficial da Seleção, mas, já que chegou às cinco finais, espero que ganhe.


O cântico vencedor será determinado por votação telefónica. Podem ouvir as outras músicas concorrentes NESTE LINK. Lá estarão também os números através dos quais poderão votar na vossa preferida. Eu votei na dos Fonzie porque, para além do que já falei acima, não gostei de nenhuma das outras. Espero que eles ganhem. Conheceremos o vencedor dia 2 de Junho.

Mesmo que não ganhem os Fonzie, mesmo que o vencedor seja um cântico que odeie, isso não importará. O que importa é que Cristiano Ronaldo e Paulo Bento pediram que o País cantasse pela sua Seleção e é isso que o País está a fazer ao criar estes cânticos todos, uns melhores do que os outros. Estes, de que falei nesta entrada, são os meus preferidos. Outras pessoas terão outras playlists. Independentemente das faixas, da melhor ou pior qualidade das mesmas consoante os mais diversos critérios, o que importa é que Portugal está a cantar pela Equipa de Todos Nós. Espero que os jogadores estejam a senti-lo, como afirmou Paulo Bento, que isso realmente faça a diferença, como afirmou Cristiano Ronaldo. Que transportem consigo o espírito difundido pelos cânticos até à Polónia e à Ucrânia e que isso os ajude a atingir os objetivos pretendidos.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Portugal Is All In



Esta é, também, a minha centésima entrada neste blogue. Parece-me razoavelmente adequado utilizá-la para partilhar a minha mais recente montagem de vídeos de apoio à Seleção.

Venham mais cem!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Em Modo Seleção

Na última segunda-feira, dia 14 de Maio, foram finalmente divulgados os Convocados para representar Portugal na fase final do Europeu de Futebol, que se realizará no próximo mês, na Polónia e na Ucrânia.

Passei uma boa parte desse dia antecipando a Divugação. Tive aulas das oito às oito, com alguns furos pelo meio. Quando não estava nas aulas e/ou ocupada com o trabalho académico, estive a ouvir programas da Antena 1 dedicados ao tema, a atualizar a página do Facebook, a contar as horas até à cerimónia. Afinal de contas, como afirmou Jorge Andrade, na entrevista matinal à estação de rádio acima mencionada, o dia do Anúncio dos Convocados "é um dia especial, é um dia da Seleção, é um dia de todos nós", devendo, por isso, ser aproveitado.

Tinha ouvido na Antena 1 que a emissão em direto a partir da Casa da Música, em Óbidos, começaria às 19h55. A essa hora ainda estava em aulas, mas isso não me impediu de ligar o meu leitor de MP3. Assim que o fiz, deixei a Faculdade e aterrei em Óbidos. A aula prolongou-se até depois da hora de término, como era a última do semestre daquela cadeira, a professora fez uma espécie de discurso de encerramento, mas eu estive completamente a leste. Acabaria por regressar à minha localização física mas não completamente. Uma parte de mim ficou lá. Uma parte de mim está sempre lá quando a Seleção está reunida.

A propósito, um aparte só para informar que já foram divulgadas as frases que figurarão nos autocarros das Seleções durante o Europeu. A frase portuguesa é "Aqui batem 10 milhões de corações". Adoro. É de longe a melhor frase desde o Mundial 2006 e também a melhor de todas as seleções participantes nesta fase final, já que as outras não são grande coisa, na minha opinião. Podem lê-las AQUI.

Mas regressemos aos Convocados. Como estava a dizer, ouvi Paulo Bento a ler a lista dentro da sala de aula, acocorada atrás da fila de mesas traseiras, inclinada sobre a minha mochila (já tinha começado a arrumar as coisas antes de perceber que ia haver discurso de encerramento), as interjeições de júbilo e/ou espanto após cada nome saíram em surdina dos meus lábios. Continuei a ouvir a emissão da Antena1 depois de, finalmente, sair da aula, ouvi as perguntas que os jornalistas fizeram a Paulo Bento - tanto as perguntas como as respostas foram previsíveis - sorri com as declarações emocionadas das surpresas-que-não-chegaram-a-sê-lo Custódio e Miguel Lopes, escutei a análise dos locutores à Convocatória. Mais tarde, em casa, li outras reações na Internet. Depois, ontem à tarde, esperei cerca de meia hora no café até que um senhor acabasse de ler o Record para depois folheá-lo.

Na minha opinião, é uma boa Convocatória, sem grandes surpresas - na Antena1, cerca de doze horas antes da Divulgação, já Joaquim Rita havia falado de Custódio e mesmo da possível ausência de Quim a favor de Eduardo (não me lembro se ele falou de Miguel Lopes...). Segundo Octávio Ribeiro, na edição de ontem do jornal Record, a Convocatória reflete bem a personalidade de Paulo Bento: "seguro, confiável, previsível". Como disse Alexandre Pereira, no site Mais Futebol, nenhuma das presenças e/ou ausências "roçou o escândalo (...) ao contrário do que fez o seu antecessor". Ou antecessores. Não me esqueci dos caos envolvendo Vítor Baía, Ricardo Quaresma e Maniche na era Scolari.


A maior incoerência acaba mesmo por ser a dupla Eduardo/Quim. Não vou estar aqui os argumentos. A situação lembra-me um pouco o caso de Ricardo em 2008: o guardião havia sido o herói em diversas situações nos anos anteriores, no entanto, pouco tinha jogado ao longo da temporada anterior - e conforme disse Joaquim Rita (acho eu, não tenho a certeza...), se há jogador que precisa de entrar em campo com regularidade para não perder o jeito, esse jogador é o guarda-redes. Além disso, tenho medo que aconteça o mesmo que aconteceu, mais uma vez, em 2008: o Quim, que, em princípio, seria titular, partiu o pulso indo, portanto, a titularidade para o Ricardo. Se o Rui Patrício se lesiona, há quem se questione se Eduardo dará conta do recado.

No entanto, depois de acompanhar não sei quantas fases finais, já acredito que todo o Selecionador tem direito à sua incongruência. Eduardo é a incongruência de Paulo Bento. Na minha opinião, podia ter arranjado pior. O guardião fez um ótimo trabalho enquanto esteve encarregue das balizas portuguesas. Fico mais descansada com Rui Patricio a titular mas, se por por algum infortúnio, Eduardo tiver de substituí-lo, acho que podemos confiar nele.


Apesar de tudo isto, tenho um bom pressentimento em relação a esta Convocatória. E parece que não sou a única. Segundo Nuno Farinha, mais uma vez na edição de ontem do Record, "há muito tempo que Portugal não chegava à antecâmara de uma fase final com a "estranha" sensação de estar a dar todos os passos certos." Se este bom pressentimento, se os "passos certos" nos levarão longe, só o próximo mês nos poderá responder a isso.

Como o costume, as opiniões dividem-se em relação a esta Convocatória. Já não devia ficar surpreendida depois de tantos anos seguindo a Turma das Quinas, mas fico. E pior do que surpreendida, fico um pouco irritada com alguns comentários. Li, por exemplo, um artigo em que dizem que esta é a COnvocatória mais fraca dos últimos doze anos - sem comentários...

Foi, no entanto, na noite de segunda-feira, quando estive no Twitter, que a mostarda começou a subir-me em força ao nariz, quando li mensagens de contestação a alguns nomes da lista de Convocados. Em particular, um: Hélder Postiga.


Tais críticas irritaram-me até aos ossos. Posso não ter argumentos a favor de algumas escolhas de Paulo Bento que têm sido questionadas, mas a favor do Hélder tenho melhor do que isso: tenho factos. O Hélder é, até agora, o décimo melhor marcador da Seleção. (Fonte: AQUI). Se reduzirmos isso a apenas os jogadores selecionáveis, acima dele só se encontra o Cristiano Ronaldo. Além disso, eu fiz as contas: em quarenta e sete internacionalizações, o Hélder marcou dezanove golos, o que lhe dá uma médioa de 0,4 tentos por jogo, uma média melhor que a do próprio Cristiano Ronaldo (0,36)! Contra factos não há argumentos. Ainda o consideram uma "nulidade"?

Admito que talvez não seja completamente isenta no que toca ao Hélder Postiga uma vez que ele é, há já muitos anos, um dos meus preferidos. Mas a opinião pública não tem sido justa para ele. Não sei como é que ele se tem comportado nos clubes, mas ninguém se pode queixar do seu desempenho na Seleção. Por isso, o próximo que me vier falar mal do meu Hélder, vai levar com o top 10 dos marcadores. com a média de golos por jogo, talvez até com uma lista de encontros em que ele foi heróis, começando no Portugal - Inglaterra do Euro 2004 e terminando nos play-offs frente à Bósnia!


O que as pessoas devem compreender é que esta é a Convocatória, esta é a Equipa que deve ser de Todos Nós. Paulo Bento não vai mudá-la só porque não concordamos com algumas das suas escolhas. Quer gostemos, quer não, estes vão ser os homens que nos vão representar no Euro 2012, que vão entrar em campo com a Alemanha, a Dinamarca e a Holanda. Serão jogos difíceis, realistiamente nós, os adeptos, pouco poderemos fazer para ajudá-los, mas a contestação permanente em nada os ajudará. Se querem que Portugal faça boa figuar no Europeu, coloquem a Seleção acima das vossas opiniões pessoais e deem o vosso apoio.

Esta semana haverá apenas pré-estágio em Lisboa, com dois treinos no Estádio da Luz. Ainda pus a hipótese de assistir a pelo menos um deles mas estes serão apenas abertos à Comunicação Social - ser a autora de um blogue e de uma página do Facebook, pelos vistos, não me torna um órgão de Comunicação Social... O estágio a sério começa na próxima segunda-feira, em Óbidos, e durará cerca de duas semanas. Incluirá dois jogos particulares: um dia 26 de Maio, em Leiria, frente à Macedónia, outro dia 2 de Junho, no Estádio da Luz, frente à Turquia.

Durante estas semanas, serão transmitidos diversos programas a propósito da preparação para o Euro 2012, muitos deles diários. Vou gravá-los todos mas não sei se terei tempo de vê-los. O mais certo é apenas conseguir passá-los em fast-forward, eventualmente ver um ou outro segmento que me pareça interessante. Como fiz com o Especial de duas horas que a TVI24 transmitiu a propósito da Divulgação dos Convocados.


Quando nos cruzamos com conhecidos, vizinhos, colegas, a praxe é sempre fazer perguntas do género: "Tudo bem? Como é que isso vai?". As respostas da praxe costumam girar à volta do mesmo: "Ai e tal, vai-se andando...". Nalgumas vezes, até se responde: "Está tudo bem".

Nestes dias, esta última resposta será a que mais vezes sairá dos meus lábios. Que será honesta. Mesmo que, se calhar, as coisas não estejam a correr assim tão bem, que, por exemplo, ande stressada com o trabalho académico. Mesmo que os dias sejam nublados e chuvosos, literalmente e não só, o Sol arranjará maneira de brilhar por entre a chuva, como diz a música. Isto porque a Turma das Quinas estará no ativo depois de todos estes meses em latência. Isto porque todos os olhos, todos os sonhos estarão pousados nela. Isto porque ela contrabalançará com os problemas do dia-a-dia. Só nestes dois dias tenho-me divertido imenso a ver notícias, artigos de opinião, tudo o que sirva de material de trabalho para o blogue e página do Facebook, pendurando a bandeira à minha janela. E a diversão está apenas a começar.

Ao longo destas semanas nada me deitará abaixo. Isto porque estarei em Modo Seleção.


Quero agradecer desde já todo o feedback que tenho recebido na página d'"O Meu Clube é a Seleção". Espero que estejam a apreciá-la tanto como aprecio tratar, tanto da página do Facebook como do blogue!

domingo, 13 de maio de 2012

Crise existencial em altura de aniversário

Depois de semanas à espera, incluindo um abril invulgarmente cinzento e chuvoso em vários aspetos, finalmente encontramo-nos em vésperas do Anúncio dos Convocados que representarão Portugal na fase final do Campeonato Europeu de Futebol, que terá lugar na Polónia e na Ucrânia no próximo mês. Estes dias ficam ainda marcados pelo quarto aniversário deste meu blogue, O Meu Clube é a Seleção, inaugurado a 12 de maio de 2008.

Não se pode dizer em rigor que tenho escrito neste blogue há quatro anos. A minha ideia inicial era mantê-lo apenas durante a fase final do Europeu de há quatro anos, estive praticamente um ano sem atualizar o blogue.

Quando penso nisso agora, se calhar não terá sido muito má ideia ter suspendido o blogue por essa altura. Não se deram muitos acontecimentos relacionados com a Seleção nesse ano e os poucos que se deram foram, na sua maioria, tropeções na Qualificação para o Mundial 2010 - assuntos extremamente deprimentes. No entanto, mesmo nessa altura, eu ia fazendo as minhas reflexões por escrito - mais valia tê-las publicado no blogue, para ajudar outras pessoas sem ser apenas eu própria, incluindo, se calhar, os próprios jogadores, a processarem a frustração inerente às sucessivas desilusões e, ao mesmo tempo, transmitir-lhes coragem e esperança. 

Acabou por ser, em parte, por esse motivo que retomei o blogue em junho de 2009. Em parte por isso, o resto porque, pura e simplesmente, tinha imensas saudades de escrevê-lo. A altura em que voltei a atualizá-lo acabou por coincidir com o ponto de viragem no percurso da Seleção para o Mundial 2010 - mais ou menos. E, desde essa altura, com uma ou outra exceção alheia à minha vontade, nunca mais deixei de publicar entradas sempre que a Equipa de Todos Nós tinha um jogo ou estava envolvida nalgum acontecimento importante. 

Tenho bem a noção de que o meu blogue tem tido pouquíssimos leitores, por mais promoção que tente fazer. Que, na prática, teria quase a mesma audiência que obtenho com este blogue se escrevesse sobre a Seleção num diário pessoal (como fazia antes de 2008). E embora isso às vezes me desanime, não me impede de continuar a escrevê-lo. Sempre gostei de escrever, sempre gostei de escrever sobre a Seleção, se houver hipóteses de ajudar a Equipa de Todos Nós dessa maneira, nem que seja apenas um pouco, fá-lo-ei com todo o prazer.

Há coisa de dois meses e meio, inaugurei a página de Facebook de apoio ao blogue. Ao longo deste tempo, esforcei-me por publicar pelo menos uma vez por dia - o que desafia a minha criatividade. Nunca quis que o meu blogue fosse uma mera fonte de notícias sobre a Turma das Quinas. Criei-o para que fosse um espaço onde pudesse expressar as minhas opiniões. Do mesmo modo, não queria que a respetiva página de Facebook transmitisse apenas as últimas novidades sobre a Seleção. Já existem imensas fontes de notícias assim na Internet - sem querer desvalorizar páginas como o Gosto da Seleção Portuguesa, que tem feito um excelente trabalho ao fornecer, entre outras coisas, imagens engracadíssimas referentes à Equipa de Todos Nós. Além de que já partilhou o meu vídeo para The Climb. O que tenho tentado fazer é publicar notícias, fotografias, vídeos, músicas juntamente com as minhas opiniões sobre o assunto. Houve alturas em que não acontecia nada relacionado com a Seleção e não era fácil arranjar algo que publicar. Foi difícil resistir à tentação e pura e simplesmente voltar a partilhar publicações de páginas como as acima mencionadas. Mas ajudou a mitigar a abstinência de Seleção.

Para além de páginas como o Gosto da Seleção Portuguesa, outra fonte de notícias que me foi bastante útil foi o Alerta do Google que já tinha criado há alguns meses, para me avisar sempre que surjam publicações sobre a Seleção Nacional na Internet. Não é tão seletivo como o ideal, às vezes aparecem-me artigos sobre o clube brasileiro A Portuguesa, por exemplo.

Ora, há cerca de dois meses, apareceu-me nos Alertas uma publicação no Yahoo Answers com a seguinte pergunta:

"Qual (é) o problema da Seleção Portuguesa?"

"Esses dias tenho pensado num problema tradicional da seleção portuguesa... Uma seleção cheia de grandes jogadores como CR7, Quaresma, Ricardo Carvalho, Deco, Pepe, Pauleta, Nani... E outros aposentados como Luís Figo... mas nunca conseguiu nada mais que semi-finais de euros e copas... qual o problema dessa seleção?? que cheia de sensacionais jogadores, amarela nos títulos???"

Fonte: AQUI

Quando vi o título da pergunta pela primeira vez, fiquei a olhar para aquilo estilo: "um brasileiro conseguiu resumir numa linha aquilo com que nos andamos a debater há anos!" Nunca pensei que fosse possível simplificar as coisas a este ponto. Mas faz sentido que tenha sido um brasileiro a formular a pergunta dos duzentos mil euros, pois é capaz de ser mais racional, mais isento do que um português.

Realmente, qual é o nosso problema, afinal? Somos há anos, para aí desde 2000, 2002, 2004, considerados candidatos ao título em cada campeonato de seleções por possuírmos jogadores "de classe mundial". Figo, Rui Costa, Nuno Gomes, Pauleta, Deco, Cristiano Ronaldo, Nani, Fábio Coentrão... No entanto, na hora da verdade, na hora de provarmos que somos candidatos ao título, caímos sempre. O que é que está a falhar?

Analisemos a coisa...


Começarei pelo Euro 2004, que foi a altura em que comecei a acompanhar a Seleção de perto. É-me cada vez mais claro que perdemos uma oportunidade de ouro - não, não, de platina! - com este campeonato: jogávamos em casa, tínhamos a base da equipa que, no ano anterior, dera a Taça UEFA e, nesse ano, a Champions ao FC Porto, tínhamos veteranos como o Figo e o Rui Costa e promessas como o Cristiano Ronaldo, tínhamos o entusiasmo dos adeptos, tínhamos todas as condições, devia ter sido tudo nosso. Ainda hoje, passados oito anos, não compreendo como é que o deixámos escapar. Há quem fale de inexperiência, excesso de confiança, de euforia ou simplesmente azar. O que é certo é que é muito difícil - para não dizer impossível - termos circunstâncias tão favoráveis como tínhamos em 2004. Cada vez me apercebo mais disso. Devia ter sido tudo nosso.


O Mundial 2006 foi outra boa oportunidade desperdiçada, embora seja discutível se tal aconteceu por culpa nossa, se foi justo. Ainda não estou convencida de que aquele lance envolvendo o Ricardo Carvalho e o Thierry Henry era mesmo penálti. De qualquer forma, a final de Berlim foi fraquinha, Portugal devia ter estado lá. E visto que a Itália só venceu nos penálties, acho que poderíamos ter ganho.

Neste caso, contudo, o karma funcionou pois os nossos amigos franceses nunca mais fizeram nada de jeito desde aquela noite em Nuremberga. Começando pela cabeçada de Zidane e acabando nos tristes episódios  ocorridos no Mundial 2010. Como dizia a minha irmã quando era pequenina: "Deus castiga sem pau nem pedra!"



Aquando deste Europeu, a Seleção já não estava ao nível a que estivera aquando dos campeonatos anteriores. Figo e Pauleta já tinham abandonado a Equipa de Todos Nós dois anos antes e a base da equipa do FC Porto que ganhara a Taça UEFA e a Champions já se dissolvera há muito. Até tivemos um bom começo, com vitórias frente à Turquia e à República Checa. O pior foi a notícia de que Luiz Felipe Scolari, um dos heróis do Euro 2004 e do Mundial 2006, o homem que nos reaproximou da Seleção, iria trocar-nos pelo Chelsea - ainda hoje, passados quatro anos e duas estreias de treinadores, não consigo perdoar-lhe por nos ter deixado assim. A notícia é capaz de ter desestabilizado a Seleção pois não fizemos mais nada de jeito nesse campeonato depois do anúncio. Perdemos contra a anfitriã Suíça no último jogo do grupo, que só serviu para cumprir calendário. Depois, pura e simplesmente não conseguimos suplantar a terrivelmente eficaz Alemanha nos quartos-de-final, apesar de termos lutado até ao fim. Não se podia pedir mais do que isso.


Julgo que, neste caso, foi o método de Carlos Queiroz que não funcionou, na minha opinião. Só ganhámos à Coreia do Norte, de longe a adversária mais fraca do nosso grupo. Se tivéssemos abordado os jogos de maneira diferente, da maneira como, se calhar, Paulo Bento abordaria, provavelmente teríamos ganho à Costa do Marfim, talvez até ao Brasil, poderíamos ter terminado o grupo em primeiro lugar, evitado a Espanha e avançado mais na prova.


Como podem ver, as razões para os nossos falhanços são várias e já foram dadas por muitos: fatores internos, fatores externos, desculpas atrás de desculpas, cada uma mais esfarrapada do que a anterior, adeptos bipolares que, em segundos, passam da euforia à disforia e vice-versa, formação deficiente de jogadores, desvalorização do futebolista português... Quem conseguir encontrar uma explicação para esta ausência de títulos tão linear como a pergunta que originou esta crise existencial, merece o prémio Nobel.



Enquanto se procura uma resposta à pergunta, estamos à porta de mais uma fase final de um campeonato de seleções. E como já vai sendo tradição, faço aqui o meu prognóstico: considero que a Seleção está mais forte do que estava há dois anos, antes do Mundial 2010. Paulo Bento afirmou, inclusivamente, que as dificuldades porque passámos no Apuramento - que incluíram aquilo que, na minha opinião, foi o pior momento de sempre da Turma das Quinas - nos tornaram mais fortes, dar-nos-ão "motivação e confiança". Como já afirmei antes, se nos esperasse um grupo como o que tivemos na África do Sul, não estaria muito preocupada. Contudo, como já escrevi em dezembro último, Deus quis que a gente sofresse no Euro 2012. Estamos mais fortes em vários aspetos, sim, disso não existem dúvidas, mas não sei se estaremos suficientemente fortes para sobrevivermos ao Grupo da Morte.

Acho muito difícil ganharmos à Alemanha. Talvez arranquemos um empate se tivermos (muita) sorte do nosso lado. Com a Dinamarca, o nosso historial recente não nos é favorável, ao longo dos últimos anos complicaram-nos várias vezes a vida à grande e à dinamarquesa. Contudo, se conseguimos vencê-los há ano e meio, pouco depois de uma crise gravíssima, com um treinador recém-chegado, após apenas dois ou três treinos, certamente será possível vencermos após duas ou três semanas de estágio e dois particulares e com a motivação extra de estarmos na fase final de um campeonato de seleções. Em relação à Holanda, é difícil fazer previsões. Expulsámo-los duas vezes de fases finais, mas a última vez ocorreu há seis anos. Além disso, estamos a falar dos vice-campeões Mundiais. Em quem é que vocês apostariam?

Talvez consigamos passar aos quartos-de-final, mas é um grande "talvez" e não é de todo descabido pensar que não vamos conseguir (três vezes na madeira). Luís Freitas Lobo resumiu-o de uma forma brilhante há uns meses, no Público: "Se Portugal passar é um grande feito. Se for eliminado, temos de encarar isso de uma forma natural." Ninguém poderá criticar abertamente se não conseguirmos passar a fase de grupos, mas sei que o pessoal ficará ressentido. Aposto que, nestas semanas de antecipação do Europeu, será muito vendida a ideia da Seleção como remédio anti-crise. Eu vendi essa ideia anteriormente e tenciono continuar a fazê-lo. Teremos motivos para desejar a Taça que, se calhar, não tínhamos em 2004, 2006 ou mesmo em 2008 e 2010. De igual modo, teremos motivos para nos sentirmos desiludidos se falharmos que não tínhamos anteriormente.

Devo dizer (e acho que não é a primeira vez que o digo) que me enojam perfeitamente esse tipo de adeptos, bipolares, que só apoiam a Seleção quando esta vence, cujo "casamento" com as Quinas não é no melhor e no pior. O meu é, devo ser uma espécie em vias de extinção, mas já perdi, se não todas, pelo menos noventa por cento das ilusões que, se calhar, tinha há oito anos. Como é que querem que eu as tenha quando jogadores como o Simão, o Miguel, o Paulo Ferreira se puseram a andar quando as coisas começaram a correr mal? (leia-se, quando rebentou o caso Queiroz). Não me deixarei iludir pelo marketing todo, pelos discurso de que "tudo está bem" na Seleção. Pelo menos, manterei sempre uma certa reserva.

Já não é, aliás, o patriotismo que me liga às Quinas - eu gosto da Equipa de Todos Nós precisamente por, pelo menos nalguns aspetos, não ter nada a ver com o País que representa. A Seleção é literamente e cada vez mais apenaso meu clube (escolhi mesmo bem o nome para o meu blogue...). Tamém sei que nem todos os jogadores se movem pelo patriotismo, se é que algum se move, que muitos deles só vestirão a camisola enquanto lhes for conveniente.

Contudo, continuarei a apoiar porque, mesmo que já não confie nos outros adeptos, nem confie a cem por cento nas palavras e nas intenções dos Marmanjos, acredito nas ações deles. Porque é através de jogos como aquele com a Dinamarca, em outubro de 2010, com a Espanha no mês seguinte, com a Bósnia em novembro último, no Estádio da Luz, que a Turma das Quinas retribui o apoio que pessoas como eu lhe dão. E como a Seleção já provou conseguir superar-se, aposto que teremos direito a mais jogos como esses no Euro 2012. Mesmo que agora esteja mais consciente do que estava há quatro anos, quando inaugurei o blogue, de que é pouco provável nós levantarmos a Taça, que o mais certo é tudo acabar "em desilusão e poeira" (não me perguntem de quem é esta citação, porque não me lembro...), de que nem toda a gente apoia tão desinteressadamente como eu a Equipa que devia ser de Todos Nós, incluindo os próprios jogadores, o meu amor pela Seleção continua intacto ao fim de todos estes anos e ainda não abandonei a esperança que tinha, em maio de 2008, de um dia publicar uma entrada sobre o nosso primeiro título a nível de Seleção A. Hei de publicá-la um dia, seja daqui a mês e meio, dois anos, quatro, sei, dez, vinte ou cinquenta. Que diabo, se só conseguirmos levantar uma Taça depois de eu ter falecido, se eu só puder acompanhar esse momento através do relato de Jorge Perestrelo, espero que o Céu tenha acesso à Internet! Até lá, continuarei a encarar cada fase final de campeonatos de seleções da mesma forma: pensado jogo a jogo, mantendo ambos os pés assentes na Terra, sem contudo deixar de aproveitar cada momento de cada uma das viagens.

A viagem rumo à final de Kiev começa segunda-feira, dia 14 de maio, na Casa da Música, em Óbidos, às 20h. Como sempre, acompanharei a jornada desde início e utilizarei o blogue e a página do Facebook como diários de bordo. Agora, é ver até onde a Seleção Nacional consegue ir.
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